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Varejo vê retração maior que a esperada

08:20 | 15/07/2015
A expectativa já negativa para o varejo de bens duráveis em 2015 se deteriorou nos últimos meses com baixos índices de confiança dos consumidores, restrição de crédito e inflação. Uma retração já era esperada nesta primeira metade do ano, sobretudo em produtos como aparelhos de TV, mas o setor avalia que a crise está sendo mais profunda e tem se estendido a categorias de produto que cresciam até o ano passado, como os smartphones.

As vendas dos celulares inteligentes, que vinham fortes até o ano passado, começaram a cair no segundo trimestre deste ano. Em maio, a retração já foi de 16% nas vendas em volume, segundo dados da IDC Brasil. As expectativas da consultoria para este mercado em 2015 foram revisadas e o setor, que cresceu 55% no ano passado, poderá continuar a reportar queda este ano pelo menos até as promoções da Black Friday, diz Reinaldo Sakis, gerente de pesquisas da IDC Brasil. "O primeiro trimestre ainda foi de crescimento, mas a partir de abril a indústria não conseguiu mais colocar seus produtos porque o varejo estava estocado", diz.

A estratégia de grandes grupos como Via Varejo e Magazine Luiza, vinha sendo apostar justamente na alta de vendas de itens de tecnologia, sobretudo dos smartphones e tablets. A Via Varejo chegou a reformular seu modelo de venda de telefones mirando esse mercado. Na maior bandeira do grupo, a Casas Bahia, a área foi reforçada com a opção de o cliente contratar serviços das operadoras de telefonia na própria loja.

Se a situação não está favorável para celulares, é pior para a linha marrom, que inclui televisores e aparelhos de som. Segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), só as vendas de televisores já caíram 43% em volume de janeiro a abril ante igual período de 2014. A comparação é afetada negativamente porque as vendas de TVs cresceram no ano passado com a Copa do Mundo, mas o presidente da Eletros, Lourival Kiçula, acredita que, mesmo com alguma melhora no segundo semestre, o ano deve ter com queda de pelo menos 20% nas vendas de linha marrom.

Já na linha branca, que inclui geladeiras e fogões, a Eletros estima queda entre 10% a 15% nas vendas em volume este ano. Nesse segmento, pesa o fim de benefícios como o do IPI reduzido, diz Oliver Römerscheidt, diretor da consultoria Gfk. "Houve um momento de expansão nas vendas de linha branca, impulsionadas pela redução de IPI e até de crescimento dos produtos de maior valor agregado, quadro que começa a se estabilizar agora", diz.

Demissões

Dados do IBGE mostram queda de 18,5% nas vendas de móveis e eletrodomésticos em maio ante igual mês de 2014, a maior já observada na série da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), iniciada em 2000. Essa retração gera ajustes. Por exemplo, a Via Varejo afirmou que "uma série de medidas adicionais foram implementadas para adequar a estrutura de despesas da empresa, abrangendo todas as áreas operacionais e administrativas, com objetivo de mitigar os efeitos da inflação nos custos fixos e a menor diluição das despesas". A companhia registrou queda de 21,7% nas vendas do segundo trimestre.

Na indústria, vê-se um aumento nas demissões. O setor de aparelhos eletrônicos reduz a produção, afirma a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Apenas em abril deste ano, foram mais de 1,6 mil postos de trabalho fechados. Nos 12 meses encerrados em abril, cerca de 10 mil vagas foram cortadas, afirma o presidente da entidade Humberto Barbato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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