Ex-ministro Varoufakis vê plano fechado por Grécia como "chance perdida"
O ex-ministro lembra que os líderes da zona do euro exigiram que os ativos públicos gregos fossem transferidos para um fundo similar ao usado após a queda do Muro de Berlim, com o objetivo de privatizar "rapidamente, com grande perda financeira" os ativos gregos. O fundo grego seria sediado em Luxemburgo e monitorado pelo ministro das Finanças alemão. Segundo Varoufakis, o governo grego do primeiro-ministro Alexis Tsipras fez o possível para melhorar o acordo. Nas negociações, ficou decidido que o fundo será sediado na Grécia e terá até 30 anos para vender os ativos, e não apenas três como queria Berlim. Ainda assim, Varoufakis considera esse plano "uma abominação" e diz que ele "deve ser uma mancha na consciência da Europa". "Pior, ele é uma oportunidade perdida", argumenta.
Na avaliação do ex-ministro, o plano "é politicamente tóxico", porque o fundo, ainda que sediado na Grécia, será na prática gerido pela troica de credores - a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Também é negativo pelo fato de que será usado para pagar uma dívida que o próprio FMI já disse que é impagável. "E ele também fracassa economicamente, porque desperdiça uma oportunidade maravilhosa de criar investimentos internos para ajudar a conter o impacto recessivo da consolidação fiscal punitiva que também foi parte dos 'termos' do encontro de 12 de julho", afirma Varoufakis.
O economista lembra então a proposta que, ainda quando ele estava no governo, foi apresentada aos credores. A ideia era se criar uma companhia holding, separada da administração do governo e gerenciada como entidade privada, reunindo ativos públicos (exceto aqueles relativos à segurança do país, a espaços públicos e aos de herança cultural). Com isso, se buscaria maximizar o valor dos ativos e criar uma corrente de investimento interno. A holding emitiria bônus para levantar entre 30 e 40 bilhões de euros (US$ 32 a US$ 43 bilhões), que seriam investidos na modernização e reestruturação dos ativos sob seu gerenciamento. O plano era fortalecer o Produto Interno Bruto (PIB), elevar a receita com impostos e, com isso, contribuir para a sustentabilidade fiscal, permitindo que o governo grego gastasse com disciplina, sem fazer a economia social encolher mais, argumenta o ex-ministro. A iniciativa, porém, foi rechaçada pelos credores, lembra a ex-autoridade.