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Abimaq: dados reforçam que faturamento deve cair dois dígitos novamente em 2015

16:00 | 24/06/2015
Os dados de receita líquida, balança comercial, capacidade instalada e nível de emprego da indústria de máquinas e equipamentos brasileira divulgados nesta quarta-feira, 24, mostram que a situação do setor segue piorando no primeiro semestre deste ano e reforçam a previsão da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) de que o faturamento deve cair novamente dois dígitos em 2015, assim como no ano passado, quando recuou 13,7% ante 2013.

"A situação está piorando muito rapidamente e os números que apresentamos hoje já são velhos. Sentimos que junho piorou e julho vai piorar. Portanto, a previsão de queda de dois dígitos (do faturamento) é mais provável se repetir, o que vai levar o setor e os investimentos à metade do que era", afirmou o gerente de competitividade da Abimaq, Mário Bernardini, em coletiva de imprensa. De janeiro a maio, o faturamento líquido do setor acumula queda de 4,9% em relação a igual período do ano passado.

Medidas

O executivo avalia que, diante da recessão na economia e do ajuste fiscal limitado a aumento de impostos e corte de investimentos, não há medidas de curto prazo que mudem essa tendência de queda. No médio e longo prazos, o executivo disse só ver duas saídas para a indústria de transformação "voltar a respirar". A primeira delas é uma desvalorização de 20% do real ante o dólar, com o Banco Central parando de rolar contratos de swap cambial. "É irresponsável, em um ambiente recessivo, manter a rolagem ", criticou.

Bernardini comentou que, sem a intervenção da autoridade monetária, o câmbio iria "naturalmente" para entre R$ 3,40 e R$ 3,60, o que ajudaria a indústria de transformação a melhorar seu market share perdido para os importados. Para a Abimaq, a volatilidade do câmbio em torno de 10% em intervalos não superiores a 30 dias tem sido um "fator recessivo adicional", pois gera um aumento dos riscos de descasamento dos custos de insumos com os preços de vendas de máquinas e equipamentos.

"Assim, apesar da depreciação do real frente ao dólar, esta volatilidade inibe, na prática, qualquer esforço de aumento das exportações, bem como do market share do produto nacional no mercado interno", diz a entidade. De acordo com a associação, essa não compensação da queda das importações pelo aumento das vendas no mercado interno antecipa uma forte redução da taxa de investimento sobre o PIB pelo segundo ano consecutivo, reduzindo a probabilidade de crescimento econômico após o ajuste.

Concessões

A segunda saída para que o setor volte a respirar, acrescentou o diretor de competitividade da Abimaq, seria o governo efetivar as concessões públicas, para que os investimentos em infraestrutura sejam retomados, dessa vez com capitais privados. "Mas aí tem o problema da Operação Lava Jato e o medo que todo mundo ficou de falar com agentes públicos", ponderou. De acordo com a Abimaq, dos 30 segmentos os quais a entidade representa, apenas o setor agrícola "não está tão ruim como os outros".

O chefe de gabinete da presidência da Abimaq, Lourival Júnior Franklin, ressaltou que os segmentos ligados ao investimento, como petróleo e gás e cimento e siderurgia, são os que mais estão sofrendo. Ele chamou atenção também para o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), que ficou em 65,7% em maio, sendo o menor da série histórica, iniciada em 1980. "O emprego também está caindo e, infelizmente, a tendência é de que encerre 2015 com números muito piores", acrescentou.

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