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Dia do Trabalho: Líderes sindicais se dividem até sobre o racha

10:50 | 01/05/2015
Em lados opostos em relação ao projeto de lei 4330, que regulamenta a terceirização no País, os líderes das duas principais centrais sindicais - Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical - divergem até sobre a existência de um racha ou uma crise no relacionamento das entidades.

Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, a posição da Força de se colocar favorável ao projeto da regulamentação reflete uma opção política do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SDD-SP), que é presidente licenciado da entidade. "Não vejo racha. Até porque na Força tem vários sindicatos se rebelando", afirma. "Não acho que é uma posição da Força (ser contrária ao projeto) e sim do Solidariedade, que tem interesse direto no projeto", afirma.

O presidente da CUT diz ter certeza de que grande parte dos sindicatos é contra a lei "até porque a sociedade está contra o projeto". "Conseguimos convencer que o significado do projeto é rasgar a CLT e acabar com direitos. Acho que a sociedade entende isso", disse, reforçando que está confiante que o projeto não será aprovado pelo Senado.

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, diz que a entidade apoia o projeto com as emendas apresentadas por Paulinho e minimiza o racha entre os grupos. "Nossa pauta conjunta vai continuar. Contra as MPs 664 e 665 (que alteram benefícios trabalhistas como o seguro-desemprego), certamente estaremos juntos", disse. "Temos divergências. Esse é um problema pontual, mas vai passar."

Torres reconhece, no entanto, que há dentro da Força entidades contrárias à medida e insatisfeitas com o posicionamento da central. "Estamos conversando, indo às federações, estamos convencendo os trabalhadores", garantiu. "Dentro da CUT e da UGT (União Geral dos Trabalhadores), também tem gente que é a favor do projeto", retrucou.

Paulinho, porém, reforça o embate, diz que há pontos de vista diferentes e que esse é um capítulo que faz parte "de brigas históricas" entre CUT e Força. "Já tivemos outros grandes embates e sempre vai ter", disse. O deputado acusa a CUT de estar fazendo política e não realmente atendendo aos trabalhadores. "A CUT só quer saber de defender a Dilma", disse. "Eu fiz o meu papel, fiz o que as centrais me pediram e incluí as emendas no projeto, não sei se elas serão mudadas no Senado", afirmou.

Freitas argumenta que as emendas de Paulinho, mesmo tendo sido negociadas entre as centrais, "não servem para nada". "Na avaliação da CUT, elas não servem para nada, não são claras, são dúbias. É apenas um retalho", afirmou, ressaltando que representam um sindicalismo "que a direita conservadora escondeu atrás do seu projeto".

O presidente do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Celso Napolitano, diz que, como órgão que congrega sindicatos, "tem certeza" de que a maior parte dos sindicalistas é contra a ampliação da terceirização. "Essa proposta recebeu muita porrada dentro da Força. É um movimento do Paulinho", afirmou. "Para o Diap, que tem como defesa o direito dos trabalhadores, do ponto de vista estritamente técnico a proposta é muito ruim", disse.

O professor da USP Ruy Braga,especializado em sociologia do trabalho, concorda com Napolitano e diz que a maioria dos sindicalistas está alinhada e é contrária ao PL 4330. "A maior parte do movimento sindical brasileiro, a despeito de posturas políticas e interesses políticos mais egoístas, é contra o PL pela simples razão que vai precarizar o trabalho e todo sindicalista sabe disso", afirmou.

Paulinho se defende e diz que, apesar de estar licenciado da Força e de sua função hoje ser deputado, ele nunca deixará de ser um sindicalista. "Sou um sindicalista dentro do Congresso, minha função é defender os trabalhadores. Fiz isso minha vida inteira", afirmou.

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