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Contingenciamento tem de superar os R$ 70 bi na avaliação do Itaú Unibanco

15:20 | 18/05/2015
O contingenciamento do Orçamento, previsto para ser anunciado ainda nesta semana pelo governo federal, deveria ficar entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões, na avaliação do economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn. "Se vier abaixo de R$ 70 bilhões vai ficar difícil chegar à nossa estimativa de superávit primário neste ano (de 0,8% do PIB)", afirmou. Caso os cortes cheguem à casa dos R$ 80 bilhões, a situação seria mais "confortável", disse, nesta segunda-feira, 18, em São Paulo. O especialista afirmou ainda que deve haver aumento de impostos no País, "mesmo sem clima" para tanto.

O Itaú Unibanco estima que o superávit primário ficará em 0,8% em 2015 e em 1,5% do PIB em 2016. Questionado sobre se a equipe econômica deveria rever a meta de superávit primário, Goldfajn afirmou que, se o número atual é considerado factível, deve ser mantido. "Mas se (o governo) acha que não vai ser possível cumprir, é melhor alterar logo", afirmou.

Recuperação

O economista-chefe estimou ainda que a recuperação da atividade "não vai ser robusta". "A volta não vai ser em 'V', com uma saída rápida. Deve ser em 'U', uma volta menos vigorosa", projetou. Goldfajn destacou, porém, que esta não é "uma recessão sem fim". Ele ponderou que os mercados financeiros voltando a registrar altas, dão "algum ânimo" para a recuperação da atividade.

Destacando a diferença entre os ajustes que precisam ser implementados para a retomada do crescimento no curto prazo, Goldfajn falou também de reformas que podem aumentar o potencial de crescimento do País no médio prazo. Ao estimar o PIB Potencial do País, ele ressaltou que no melhor momento da economia brasileira, na década passada, o Brasil cresceu 4,5% em média, impulsionado pelo boom das commodities. "No cenário atual, nenhum país do mundo retornaria a esta fase", afirmou

Por isso, o economista-chefe do Itaú Unibanco descarta a possibilidade de o Brasil crescer 4,5% nos próximos anos. Após o crescimento de 0,7% estimado para 2016, o PIB deve crescer 2% nos anos seguintes, segundo o economista. "Depois disso, (um PIB Potencial maior) depende da realização de reformas", afirmou. Ele citou a terceirização da mão de obra, "que dá flexibilidade, gera mais emprego e resulta em mais crescimento", como uma das medidas que poderiam ampliar o PIB potencial. "O Brasil deveria focar cada vez mais na agenda de produtividade e eficiência", afirmou.

Listando outras medidas que aumentariam o PIB Potencial, ele citou ainda o pacote de concessões para investimentos em infraestrutura e a unificação das alíquotas do ICMS. "Com a unificação (das alíquotas), você não ganha nada no curto prazo, mas gera efeitos no longo prazo", disse. Na contramão dessas reformas, a proposta de acabar com o fator previdenciário, como aprovado pela Câmara dos Deputados na semana passada, foi classificada por Goldfajn como uma "antirreforma".

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