Cenário que ganha força no Brasil é de não crise, mas sem bonança, diz economista
Com base neste contexto, Goldfajn acredita que as agências de classificação de risco devem deixar uma decisão de ajuste na nota do Brasil, que vem correndo o risco de downgrade, para o ano que vem. "Temos uma janela de oportunidade. O mundo não está tão ruim. O crescimento do Brasil deve se recuperar em 2016, 2017 e 2018, mas será uma recuperação lenta já que deixou de criar emprego", avaliou o economista-chefe do Itaú, em evento da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Para ele, a taxa de desemprego deve continuar subindo e alcançar os 7,3% neste ano, taxa que deve se manter em 2016. Sobre os juros, Goldfajn lembrou que o mercado espera que a Selic suba a 13,99% ao final de 2015. O Itaú, contudo, prevê que os juros fiquem em 13,5% neste ano e recuem para 12,00% no próximo exercício.
Sobre a indústria brasileira, Goldfajn acredita que o pior momento deve se materializar no segundo trimestre deste ano com estabilização nos três meses seguintes. Ele espera ainda que o superávit primário fique em 0,8% neste ano e 1,5% em 2016. "0,8% é um superávit suficiente, como um aluno que se esforçou bastante e alcançou a média", avaliou o economista, referindo-se ao esforço da equipe econômica, comandada por Joaquim Levy, ministro da Fazenda, de cortar os gastos públicos.
Goldfajn vê o dólar a R$ 3,10 neste ano e R$ 3,40 em 2016. Para a conta corrente, o economista-chefe do Itaú Unibanco vê queda de 4,1% do PIB neste ano e redução de 3,6%, respectivamente.