O aumento da taxa de desemprego de 5,9% em fevereiro para 6,2% em março confirma a tendência de deterioração do mercado de trabalho em 2015, segundo o analista da Tendências Consultoria, Rafael Bacciotti. Ele explica que o movimento começou a ser observado em dezembro do ano passado. A taxa reflete o enfraquecimento da atividade econômica no Brasil no ano passado e a perspectiva negativa para 2015. Nas projeções da Tendências, o PIB brasileiro vai sofrer uma contração de 1,4%.

Nesse mesmo contexto, a massa de renda real do trabalhador reafirma a tendência de queda, a qual é reforçada pela inflação alta, na avaliação de Bacciotti.

Esse comportamento nos salários sinaliza um aumento no número de pessoas procurando trabalho, o que volta a inflar a População Economicamente Ativa (PEA), o que contribui para o aumento da taxa de desemprego. "As pessoas que ficaram fora da PEA no passado voltam agora para o mercado de trabalho com essa queda na massa salarial", diz o economista.

Essa tendência, entretanto, ainda não é confirmada pelos dados, segundo Bacciotti. Em março, a PEA calculada pela pesquisa de emprego do IBGE cresceu 0,3% ante igual mês do ano passado. "Em termos dessasonalizados ainda não há um aumento. É preciso esperar mais alguns meses para vermos esse comportamento", diz o economista.

A massa de renda em queda e o desemprego em tendência de alta ainda não sugerem um arrefecimento no ritmo de aumento de preços. Para Bacciotti, a inflação tem se mostrado "resiliente", mas é de se esperar uma pressão de baixa sobre o custo dos serviços.