Fipe mantém projeção de 0,76% para IPC de março em São Paulo
"Temos praticamente 70% da variação do índice explicada por fatores já esperados", comentou Chagas. "De longe, o principal fator é energia elétrica, mas há também combustíveis e a água, que já começa a captar os efeitos das multas (por consumo) e isso já aparece no IPC. É uma inflação muito concentrada, amparada num movimento de ajustes", destacou.
Nesta quinta-feira, a Fipe divulgou que o IPC apresentou taxa de inflação de 1,03% na primeira quadrissemana de março ante alta de 1,22% no encerramento de fevereiro. O resultado ficou colado à previsão de Chagas, que era de uma inflação de 1,04%. Também ficou dentro do intervalo de expectativas dos economistas do mercado financeiro, que, no levantamento do AE Projeções, aguardavam taxa de 1,00% a 1,27%, com mediana de 1,09%.
Segundo o instituto, o grupo Habitação, que traz os itens energia elétrica e água/esgoto, apresentou alta de 1,73% na primeira leitura de março. Apesar da desaceleração ante a elevação de 1,82% do fim de fevereiro, o conjunto de preços respondeu sozinho por 0,53 ponto porcentual (51,74%) de toda a inflação pesquisada.
Na primeira medição do mês, o item energia elétrica subiu 10,82% ante 10,92% do encerramento de fevereiro. A variação não apenas representou 0,39 ponto porcentual de toda a inflação na capital paulista como fez com que o item liderasse o ranking de pressões de alta do IPC no período.
O componente água/esgoto, por sua vez, avançou 3,16% na primeira quadrissemana de março ante 4,82% do fim de fevereiro e respondeu por 0,06 ponto porcentual de todo o IPC. Foi a terceira contribuição no ranking de altas da Fipe.
O grupo Transportes, que contém a gasolina e o etanol, apresentou elevação de 1,13% na primeira medição de março. Ainda que a variação tenha sido menos expressiva que a de 2,39% do fechamento de fevereiro, respondeu por 0,20 ponto porcentual (19,27%) de todo o IPC.
Especificamente em relação à gasolina e ao etanol, o combustível derivado do petróleo subiu 5,44% na primeira quadrissemana ante 8,68%. O derivado da cana-de-açúcar, por sua vez, avançou 5,30% ante 8,29%. Em termos de contribuição para a alta do IPC, a gasolina e o etanol representaram impactos de 0,11 ponto porcentual e 0,04 ponto porcentual, respectivamente.
Outro grupo que continua chamando a atenção da Fipe é a Alimentação. Na primeira quadrissemana de março, o conjunto de preços avançou 1,29% ante 1,00% do fim de fevereiro e respondeu por 0,29 ponto porcentual (28,65%) de todo o IPC.
Entre as principais pressões da Alimentação, Chagas destacou os preços do subgrupo Industrializados (alta de 0,84% ante 0,64%) e do subgrupo Produtos in Natura (avanço de 5,53% ante 4,54%). Enquanto a justificativa para o primeiro subgrupo está ligada até às recentes elevações do dólar ante o real, a explicação para o segundo está vinculada, por exemplo, às questões de seca e falta d'água, no período atual de crise hídrica do Estado de São Paulo.
Um alento vindo da Alimentação é o preço da carne bovina, item que tem um grande peso no IPC. De acordo com a Fipe, o componente apresentou baixa de 0,39% na primeira quadrissemana de março ante recuo de 0,29% no fim de fevereiro.
Na avaliação de André Chagas, a despeito de o IPC estar trazendo como boa notícia as seguidas desacelerações desde a segunda quadrissemana de fevereiro, quando a taxa estava no nível de 1,57%, o cenário de março ainda é de uma inflação bastante pressionada e acima dos níveis desejados. "Deve fechar com chave de ouro esse trimestre de reajustes", comentou.
De acordo com o coordenador, o primeiro trimestre de 2015 acabará trazendo uma inflação que responderá por mais da metade do que a Fipe projeta para todo o ano. "Deveremos encerrar o trimestre com algo em torno de 3,6 pontos porcentuais de uma inflação que deve terminar 2015 na casa dos 6%", disse.