Economia mais fraca pesará nas próximas decisões do Copom, avalia o Goldman Sachs
Na avaliação de Ramos, a atenção especial dedicada pelo BC no enfraquecimento da economia neste ano deverá pesar nas próximas reuniões do Copom neste semestre. "O ciclo de alta de juros deverá ser encerrado entre 13% e 13,50%. Caso o câmbio avance e atinja valor de R$ 3,15 até R$ 3,20 na reunião de abril, será difícil não elevar a Selic em 0,50 ponto porcentual naquele ocasião", disse.
"Por outro lado, caso o câmbio tenha menor volatilidade e fique mais claro que o nível de atividade está perdendo força com vigor, então será mais provável que o Copom elevará a Selic em 0,25 ponto porcentual no mês que vem e encerraria o ciclo de aperto monetário iniciado em outubro."
Ramos viu um sinal "dovish" do Copom ao adotar a taxa de câmbio de R$ 2,85 e não R$ 2,95 nas previsões para a inflação para 2015 e 2016 expressas na ata da reunião de março. "Com a cotação mais alta do câmbio, talvez seriam diferentes as projeções para o IPCA para o próximo ano, que o BC indicou que baixaram nos cenários de referência e de mercado", disse. "Caso o relatório de inflação de março traga um câmbio de R$ 3,00, a projeção para o IPCA em 2015 deverá ficar em 7,8% ou 7,9%, enquanto para 2016 deve ficar ao redor de 5%", ponderou.
De acordo com o diretor da Goldman Sachs, os patamares do IPCA mais elevados nos últimos anos aumentaram a resistência da inflação, o que se traduziu em maior efeito de inércia dos preços de um ano para o seguinte. Além disso, um choque de preços administrados, baseado em boa medida pela elevação substancial da energia elétrica, também colabora nesse fortalecimento da inflação.
"Nesse contexto, o pass through (repasse do câmbio para a inflação) está em 6% para uma variação nominal do dólar de 10% num horizonte de 12 meses", destacou. Ele ressalta, contudo, que um contraponto a essa herança do câmbio para o IPCA pode ser atenuada com um agravamento da queda do PIB neste ano. Ele espera que o crescimento cairá 0,5% em 2015, mas admite que há um viés de baixa para a estimativa. Ramos projeta uma elevação do IPCA de 7,9% neste ano.