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Economia mais fraca pesará nas próximas decisões do Copom, avalia o Goldman Sachs

11:50 | 12/03/2015
O Banco Central sinaliza na ata da reunião de março que o processo de convergência da inflação à meta de 4,5% ocorrerá ao longo de 2016 e pode se estender em 2017, comentou ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, Alberto Ramos, diretor de pesquisas para a América Latina do banco Goldman Sachs. "A inflação alta neste ano levou o BC a retirar expressão que o IPCA ainda em 2015 'entra em longo período de declínio', como manifestou no parágrafo 27 da ata do encontro do Copom de janeiro", ponderou. "Além disso, o BC destaca que as decisões de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar essa convergência, 'ao longo do próximo ano.'"

Na avaliação de Ramos, a atenção especial dedicada pelo BC no enfraquecimento da economia neste ano deverá pesar nas próximas reuniões do Copom neste semestre. "O ciclo de alta de juros deverá ser encerrado entre 13% e 13,50%. Caso o câmbio avance e atinja valor de R$ 3,15 até R$ 3,20 na reunião de abril, será difícil não elevar a Selic em 0,50 ponto porcentual naquele ocasião", disse.

"Por outro lado, caso o câmbio tenha menor volatilidade e fique mais claro que o nível de atividade está perdendo força com vigor, então será mais provável que o Copom elevará a Selic em 0,25 ponto porcentual no mês que vem e encerraria o ciclo de aperto monetário iniciado em outubro."

Ramos viu um sinal "dovish" do Copom ao adotar a taxa de câmbio de R$ 2,85 e não R$ 2,95 nas previsões para a inflação para 2015 e 2016 expressas na ata da reunião de março. "Com a cotação mais alta do câmbio, talvez seriam diferentes as projeções para o IPCA para o próximo ano, que o BC indicou que baixaram nos cenários de referência e de mercado", disse. "Caso o relatório de inflação de março traga um câmbio de R$ 3,00, a projeção para o IPCA em 2015 deverá ficar em 7,8% ou 7,9%, enquanto para 2016 deve ficar ao redor de 5%", ponderou.

De acordo com o diretor da Goldman Sachs, os patamares do IPCA mais elevados nos últimos anos aumentaram a resistência da inflação, o que se traduziu em maior efeito de inércia dos preços de um ano para o seguinte. Além disso, um choque de preços administrados, baseado em boa medida pela elevação substancial da energia elétrica, também colabora nesse fortalecimento da inflação.

"Nesse contexto, o pass through (repasse do câmbio para a inflação) está em 6% para uma variação nominal do dólar de 10% num horizonte de 12 meses", destacou. Ele ressalta, contudo, que um contraponto a essa herança do câmbio para o IPCA pode ser atenuada com um agravamento da queda do PIB neste ano. Ele espera que o crescimento cairá 0,5% em 2015, mas admite que há um viés de baixa para a estimativa. Ramos projeta uma elevação do IPCA de 7,9% neste ano.

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