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Câmbio e administrados contribuem para aceleração do IGP-M, avalia FGV

12:50 | 30/03/2015
O economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz, afirmou nesta segunda-feira, 30, que o efeito da recente valorização do dólar ante o real "finalmente" começou a aparecer na medição dos IGPs e deve se intensificar nos próximos meses. "Os preços administrados ainda são o principal fator de aceleração do IGP-M de março e o câmbio aparece como a segunda maior influência", disse, ao comentar os resultados de março do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) divulgado nesta manhã pela FGV.

Na passagem de fevereiro para março, o IGP-M acelerou de 0,27% para 0,98%. No período, entre os três indicadores que compõem o índice geral, o IPA-M saiu de -0,09% para 0,92%, o IPC-M passou de 1,14% para 1,42% e o INCC-M, de 0,50% para 0,36%.

Segundo Braz, no âmbito dos preços no atacado, o efeito cambial ainda é "bem discreto" e concentrado, sobretudo na parte inicial da cadeia produtiva. Ele destacou que a soja puxou a aceleração do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), uma vez que a composição dos preços se dá no mercado internacional e sente os efeitos da valorização do dólar, mas também devido a revisões para baixo da safra mundial da oleaginosa. O grão foi responsável por 1,22 ponto porcentual da alta de 2,02% registrada no componente Matérias-Primas Brutas. "Dentro das matérias-primas brutas, a soja em grão respondeu por metade da alta. Sem este item, a alta seria de 0,80%", destacou Braz

O minério de ferro foi o item que mais sentiu os impactos da desvalorização do real. Braz assinala que houve queda no preço internacional da commodity, mas no cenário doméstico foi registrada valorização. Em fevereiro, o preço do minério de ferro caiu 3,52% e, em março, subiu 1,19%. Na período de coleta do IGP-M, o câmbio apresentou valorização de 2,58% em fevereiro e de 10,90% na leitura de março. "Em fevereiro, o câmbio médio foi de R$ 2,73 e, em março, de R$ 3,02", disse. "Essa alta deve se intensificar em abril, com nova valorização de cerca de 6%, sendo mais disseminada".

Entre as matérias-primas que aceleraram, mas não em decorrência do câmbio, estão a cana-de-açúcar, aves e leite, que sofreram efeitos sazonais ligados à entressafra. O dólar mais alto, no entanto, pressionou bens intermediários (químicos, fertilizantes, celulose). Os bens finais, único componente do IPA que registrou desaceleração na margem, foram os que sofreram menos efeito do câmbio. "O IPC desacelerou porque o repasse do câmbio ainda não chegou na ponta da cadeia", avaliou Braz.

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