Bradesco revisa projeção de vendas de veículos em 2015 de 0,5% para queda de 5,3%
A previsão leva em conta veículos leves e pesados. Em relatório do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos, o banco prevê que os licenciamentos só devem voltar a crescer a partir de 2016, com a retomada mais consistente da atividade econômica, embora em ritmo menos expressivo do que antes.
"A confiança do empresário e do consumidor estão em patamares muito baixos. Além disso, as vendas em janeiro e fevereiro foram muito ruins", justificou a economista Regina Helena Couto Silva, especialista no setor.
Em janeiro, os emplacamentos de veículos novos caíram 31,4% na comparação com dezembro e 18,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Em fevereiro, segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, os licenciamentos recuaram 28,2% ante fevereiro de 2014 e 26,7% frente a janeiro. Os dados oficiais serão divulgados nesta terça-feira, 3. pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
No caso do segmento de caminhões, o Bradesco destaca que o recuo da atividade econômica e da atividade industrial deve "conter" a expectativa de ampliação da frota. "Reforça esse cenário a retração da construção civil, que é um segmento demandante de caminhões", acrescenta no relatório.
O banco cita também que a expectativa de redução no ritmo de expansão de projetos de mineração neste ano e o aumento da taxa de juros do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do BNDES, também devem adiar a renovação de frotas, limitando ainda mais a demanda.
O Bradesco ressalta ainda que as exportações, que caíram 40,9% em 2014 ante 2013, "devem continuar fracas". Assim como no ano passado, o motivo é o fraco mercado na Argentina, "que não dá sinais de retomada".
O país vizinho é o principal destino das exportações brasileiras. Para lá, são embarcados 75% dos veículos leves produzidos no Brasil e 50% dos caminhões e ônibus brasileiros exportados. "Com vendas internas e exportações em queda, a produção do complexo automotivo também deverá registrar retração em 2015", prevê o banco no relatório.
A projeção do Bradesco é próxima da previsão da Ford. No início de fevereiro, o vice-presidente da montadora para América do Sul, Rogelio Golfarb, disse esperar uma queda na ordem de 5% nas vendas de veículos em 2015 ante 2014.
Segundo ele, o desempenho ruim é consequência da "exaustão do ciclo de crescimento" e das medidas de ajuste fiscal anunciadas recentemente. A projeção do banco, contudo, é mais otimista do que a do presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção, que, em entrevista recente ao Broadcast, previu que os emplacamentos devem cair 10% neste ano.
Ciclo não acabou
Mesmo com a revisão para baixo das projeções, o Bradesco defende que o "ciclo de expansão de vendas" não chegou ao fim. Isso porque, na avaliação do banco, o País ainda tem baixo índice de motorização se comparado aos países desenvolvidos: 5,31 habitantes por carro, ante uma média de 1,5 nos países mais ricos.
Além disso, a instituição financeira sustenta que há a necessidade de continuar com os ganhos de produtividade no campo e perspectivas de ampliação dos investimentos em infraestrutura.