Autoridades do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) temem que os riscos de valorização da libra prolonguem o período de inflação extremamente baixa no Reino Unido, uma possibilidade que pode adiar o começo do aumento da taxa básica de juros britânica, previsto para o início do próximo ano.

A ata da última reunião de política monetária do BoE, publicada nesta manhã, mostra que a instituição preocupa-se com as chances de a libra continuar subindo, em parte devido à decisão do Banco Central Europeu (BCE) de começar este mês um programa de relaxamento quantitativo (QE, pela sigla em inglês), que envolve compras de amplos volumes de bônus soberanos e de outros tipos de ativos.

A libra avançou 2,5% em relação às moedas dos principais parceiros comerciais do Reino Unido em março e subiu 4% frente ao euro e, segundo contatos do BoE no mercado, os ganhos teriam sido ainda maiores se não fossem as incertezas sobre o resultado das eleições gerais britânicas previstas para maio, afirma o documento.

"Embora a política monetária doméstica e no exterior tenha sido apenas um de muitos fatores que influenciaram a taxa de câmbio, em especial no curto prazo, havia um risco de que a tendência de políticas monetárias divergentes, assim como a perspectiva de crescimento mais forte no Reino Unido do que na zona do euro, pudesse colocar pressão de alta na taxa de câmbio da libra", diz o BoE na ata.

A força da moeda britânica pode pressionar os preços de bens e serviços importados pelo Reino Unido, o que potencialmente prolongaria o período de inflação anual abaixo da meta do BoE, que é de taxa de 2%, concluiu o comitê. Em janeiro, a inflação britânica foi de apenas 0,3% e a expectativa é que recua abaixo de zero nos próximos meses, antes de voltar a convergir para a meta oficial nos próximos dois anos.

As preocupações do BoE ressaltam os possíveis desafios que os BCs enfrentarão à medida que suas economias divergirem. Os EUA e o Reino Unido estão se movimentando no sentido de elevar juros em meio à recuperação de suas economias, enquanto o Banco Central Europeu (BCE) e autoridades monetárias na maior parte da Ásia estão relaxando a política monetária para estimular o crescimento.

Os investidores esperam que o BoE comece a elevar juros no começo de 2016, segundo indicam derivativos de taxas de juros.

Segundo a ata da reunião, realizada no último dia 5, os nove integrantes do comitê de política monetária do BoE votaram, por unanimidade, pela manutenção da taxa básica de juros, em 0,5%, e também do programa de compras de ativos, em 375 bilhões de libras. Fonte: Dow Jones Newswires.