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BC opera com autonomia de fato para decidir sobre juros, diz Tombini

14:10 | 24/03/2015
Depois de ouvir duras críticas em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, reagiu e disse que a "posição firme" da instituição é de que opera com autonomia de fato para decidir sobre os juros. A independência, disse ele, depende de aprovação do Congresso.

Tombini afirmou que não há improvisação em relação à autonomia operacional pelo BC. Com informações técnicas sobre a comunicação oficial do BC, Tombini rebateu os ataques do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) de que o Copom, durante as eleições presidenciais do ano passado, se reuniu para decidir sobre a taxa de juros "monitorado" pelo Palácio do Planalto.

Caiado acusou o BC de não agir com independência. "O BC passou a ser o elemento ligado à campanha de reeleição da presidente Dilma", criticou Caiado. Para o senador, o BC não está preocupado em resguardar a moeda brasileira da inflação e das taxas de juros.

Em reposta aos ataques do senador de que o Copom não elevou os juros por conta das eleições, o presidente Tombini afirmou que BC "não mudou". "O que mudaram foram as circunstâncias", disse ele. Ele citou a elevação do dólar frente ao real. Por isso, destacou o presidente do BC, a estratégia de política monetária teve que ser ajustada. Para ele, não houve "surpresas" do BC depois das eleições ao elevar a taxa de juros.

Na defesa da ação do Copom durante o período eleitoral, o presidente do BC destacou que a política monetária atua com defasagem de três a quatro trimestres para chegar a sua "força máxima".

"A política monetária opera com defasagem. Não é subir a os juros e cai a inflação", destacou Tombini. O presidente do BC lembrou que o Copom, no período de abril de 2013 a abril de 2104, subiu a taxa Selic em 3,75 pontos porcentuais. "Olhando o prazo de defasagens, o impacto máximo se daria no segundo semestre do ano passado", ponderou .

Na sua avaliação, se o BC não tivesse trabalhado com autonomia operacional, jamais teria subido os juros nesse período, cujos efeitos máximos incidiria justamente nos terceiros e quatro trimestres de 2014, entre o primeiro e segundo turnos das eleições.

Tombini também fez questão de ressaltar que durante a reunião anual do FMI, em outubro do ano passado, fez comentários que foram entendidos pelo mercado financeiro de que o Copom estaria na iminência de naquela época de elevar a taxa de juros. "Isso foi entre o primeiro e segundo turnos", argumentou Tombini.

Depois de criticar Tombini, Caiado foi confrontado pela ex-ministra da Casa Civil e senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que acusou o senador da oposição de falta de educação com Tombini. "Se tem uma coisa que eu sou é educado", rebateu Caiado. Ele disse que não estava ali para ter aula da senadora.

O senador Waldemir Moka (PMDB-MT) destacou que a contração da inflação não está acontecendo. "A inflação superou o teto da meta mesmo com aumento da taxa de juros, e queria uma explicação sobre isso. Temo pelo desenvolvimento da economia", disse. Ele enfatizou que o ideal é ter os seguintes três itens: juro menor, alta do PIB e inflação controlada. "Mas terminamos 2014 com PIB zero, juro alto e inflação descontrolada, o pior cenário que poderia existir", concluiu. De forma irônica, o senador disse que a atual equipe econômica vai "ajudar muito mais" Tombini no comando do BC.

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