A desaceleração do setor de serviços observada em 2014 foi determinada principalmente pelas atividades de informação e comunicação e de transportes, avaliou o técnico Roberto Saldanha, da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "O desaquecimento maior em 2014 ocorreu justamente nos dois segmentos de maior peso no setor de serviços. Eles determinaram a desaceleração dos serviços como um todo", disse.

No ano passado, a receita nominal de serviços cresceu 6,0%, mas no caso de serviços de informação e comunicação a alta foi de 3,4% no período - metade do verificado em 2013. "São serviços predominantemente demandados por empresas, não por famílias. Então, são muito sensíveis à demanda empresarial. Além disso, quando o governo precisa cortar custos, isso ocorre no setor intermediário, e há adiamento de contratações", detalhou Saldanha.

Em dezembro, o segmento de informação e comunicação registrou retração de 1,2% em sua receita nominal em relação a igual mês de 2013. Isso quer dizer que, antes mesmo de descontar efeito de aumentos de preços, o setor já estava no vermelho. Segundo o técnico do IBGE, reduções tarifárias em serviços de telecomunicação e adiamentos em contratações no setor de informática provocaram o resultado ruim.

Transportes

Já nos transportes, o crescimento da receita nominal foi de 6,4% no ano passado, abaixo da alta de 10,8% em 2013. "O setor de transportes teve uma recuperação em dezembro, com contribuição expressiva do transporte terrestre, em especial o de carga. Pode ter ocorrido demanda maior por parte da agricultura. Parte de passageiros também contribuiu. Mas o transporte terrestre também foi um dos que mais desaceleraram no ano como um todo", explicou Saldanha.

Por outro lado, houve setores que não tiveram uma desaceleração tão acentuada ao longo do segundo semestre do ano passado. Os serviços profissionais, administrativos e complementares fecharam 2014 com alta de 8,5% na receita nominal, até um pouco acima do observado em 2013 (8,1%). A resistência desse setor, segundo o técnico, ocorre porque se tratam de serviços mais essenciais.

"É mais barato para a empresa terceirizar um serviço de limpeza, de segurança do que ter esses profissionais no seu quadro. E a empresa tem que manter essa estrutura funcionando", explicou Saldanha. "No caso de serviços de informática, muitas vezes são projetos que são adiados", acrescentou.

Saldanha ainda ressaltou que o setor de serviços é complementar a outras atividades e, portanto, segue o compasso da economia como um todo. "O setor de serviços atua de forma complementar ao setor industrial, ao setor comercial, aos governos. Uma vez que se verificou desaceleração nesses outros setores, os serviços acompanham esse desaquecimento", disse.