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Produtores rurais do Sul sinalizam apoio a caminhoneiros

18:40 | 27/02/2015
Produtores rurais de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul foram às rodovias federais e estaduais nesta sexta-feira, 27, para demonstrar apoio à paralisação dos caminhoneiros, com a condição de que o fluxo de cargas vivas, perecíveis e de leite seja liberado. Eles reclamam que o setor produtivo também sofre com o aumento do preço do diesel, principal queixa dos caminhoneiros. O apoio do setor produtivo ajuda a explicar a força da mobilização nos dois Estados. Rio Grande do Sul e Santa Catarina são as duas unidades da federação com maior número de bloqueios em rodovias federais: são 41 ao todo, dentre os 59 existentes no País, segundo o mais recente levantamento da Polícia Rodoviária Federal.

Em SC e RS, a colheita de soja ainda é incipiente, enquanto a retirada do milho já está quase concluída em vários pontos, por isso, o bloqueio não prejudica tanto os trabalhos no campo como no Centro-Oeste, por exemplo. Lá, onde a colheita de soja está mais adiantada e o plantio de milho é realizado na sequência, produtores já relatam falta de diesel para operação de colheitadeiras e plantadeiras.

Sindicatos de produtores do Sul do País ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, informaram que a greve está sendo apoiada desde que a passagem de caminhões que transportam animais e leite e soja e milho recém-colhidos para os armazéns não seja impedida. O principal ponto de confluência entre caminhoneiros e produtores é o valor do diesel. "Estamos apoiando a manifestação principalmente por sermos contra o aumento do diesel. A primeira classe a sentir é a deles, a segunda é nossa", disse o presidente do Sindicato Rural de Cruz Alta, Airton Becker. "Mandei um tanque de 12 mil litros para a propriedade e custou R$ 29.850. Praticamente tem que vender um carro para comprar. O custo do diesel está onerando bastante a produção." O presidente do Sindicato Rural de Palmeira das Missões, Hamilton Guterres Jardim, disse que outra queixa comum entre os dois setores diz respeito às condições de rodovias e valores de pedágios. "No Brasil, transportamos grande parte da produção em caminhões, alguns produtores têm caminhões, muitas vez pagam a mesma coisa que o transportador autônomo paga."

O presidente do Sindicato Rural de São Miguel do Oeste, Adair José Teixeira, citou, ainda, o custo da energia. "Estamos trabalhando sempre no vermelho e agora mais com o aumento da energia e do combustível", salientou Teixeira, que produz milho, frangos e aves na região. Aqui está todo mundo dentro da lei, ninguém está atrapalhando o trânsito. Vamos continuar apoiando até o governo abrir pelo menos um canal de comunicação." Conforme o produtor, já existe uma movimentação de caminhões partindo do Rio Grande do Sul rumo à Brasília para reforçar as reivindicações junto ao governo federal. E caminhoneiros que participam dos bloqueios em Santa Catarina se juntarão à mobilização.

Segundo sindicatos gaúchos e catarinenses, a colheita da safra de verão 2014/15 não foi prejudicada até o momento por falta de diesel para maquinário agrícola. "Produtores se preveniram fazendo estoque na propriedade para que a colheita não fosse prejudicada ou interrompida. Por enquanto, nas propriedades rurais da região não está faltando diesel", disse Jardim, de Palmeira das Missões. Ele não descartou, entretanto, escassez do combustível caso a greve persista. "Vamos torcer para que as negociações evoluam de forma que possamos comemorar um acordo contemplando ao menos parte das demandas e o abastecimento da população urbana e as nossas atividades não sejam prejudicados."

Por enquanto, segundo os representantes, apenas a comercialização travou no Sul. "Eu tenho milho vendido que não consigo carregar. Parei de colher porque não tem mais lugar para guardar. Mesmo assim, estou apoiando. Cada um tem sua parcela de sacrifício", destacou o presidente do sindicato de Cruz Alta.

Os representantes assinalaram, todavia, que o apoio aos caminhoneiros pode ser retirado caso o fluxo de cargas vivas ou leite seja interrompido. "Enquanto produtores rurais, estamos avaliando dia a dia a situação", salientou.

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