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Icatu e Tendências veem perda de fôlego no setor de serviços

13:40 | 20/02/2015
A alta de 4,2% da receita bruta nominal de Serviços em dezembro ante igual mês de 2013, em relação à taxa de 3,7% apurada em novembro na mesma base de comparação, por enquanto não pode ser considerada uma tendência, na opinião do economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Alves de Melo. Isso porque, segundo ele, a taxa média dos últimos três meses de 2014 desacelerou a 4,4% na comparação com o terceiro trimestre (5,1%).

"Em dezembro foi um pouco melhor, mas não é nada muito bom. São variações nominais (trimestre) de receita relativamente baixas", analisou, lembrando que no começo do ano passado a taxa trimestral tinha vindo mais forte, ficando acima de 8,00%. "Do segundo trimestre em diante, a tendência foi de desaceleração", completou.

De acordo com Alves de Melo, os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) colocam viés de queda no Produto Interno Bruto (PIB) de 2014. "Traz algum risco, mas não é nada exagerado", ponderou.

Para o economista, se as condições do mercado de trabalho se deteriorarem e a renda desacelerar ao longo deste ano, a atividade do setor de serviços também poderá perder fôlego. "Mas é preciso aguardar mais alguns meses para se ter uma avaliação melhor", considerou.

Tendências

Para o economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria Integrada, o resultado de serviços corrobora o quadro de enfraquecimento do setor ao longo do ano passado. "Isso ficou claro em 2014 e culminou em uma queda de 1,1% da receita real de serviços ante 2013", disse, ao referir-se à retração de 1,1% apurada pelo economista para a receita do setor em todo o ano de 2014, já descontada a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Cálculos feitos por Bacciotti a pedido do Broadcast mostram que em dezembro houve queda de 2,9% na receita de serviços em termos reais ante recuo de 2,9% em novembro.

Na opinião do economista, a perda de vigor da atividade de serviços reflete os condicionantes de demanda menor do mercado de trabalho, que tem oferecido menos vagas, e também sofre influência da desaceleração da renda real, da restrição do crédito às famílias e da confiança dos consumidores, que está "deprimida". "Isso tem se amplificado para alguns setores. Há um enfraquecimento do consumo e também vemos que a parte da atividade industrial vem demandando menos serviço", afirmou.

A tendência para 2015, segundo Bacciotti, é a de que este cenário não sofra tanta alteração. A expectativa do economista é de fraqueza do mercado de trabalho, com o nível médio de desemprego passando de 4,8% em 2014 para 6,3% previstos em 2015. "Devemos ver queda na taxa de ocupação, com as empresas ofertando menos vagas e mais pessoas tentando retornar ao mercado de trabalho, e também ter um cenário de corrosão da renda, por causa da inflação elevada", estimou.

Os números calculados pelo economista reforçam a percepção de perda de fôlego do setor ao longo deste ano. Pelas suas estimativas o Produto Interno Bruto (PIB) de serviços - que tem peso superior a 60% no PIB total - deve ter fechado 2015 com estabilidade, após alta de 2,22% em 2013 e crescimento de 0,7% previsto para 2014. "No PIB é possível notar a evolução das condicionantes de crédito (apertado), confiança (baixa) e indústria (fraca) num ambiente de contração da atividade, que vem demandando menos serviço", reforçou.

Nesta sexta-feira, o IBGE informou que a receita bruta nominal de Serviços teve alta de 4,2% em dezembro na comparação com igual mês de 2013. O número é superior à taxa de 3,7% apurada em novembro de 2014 ante novembro do ano anterior e que foi o pior resultado histórico da série do IBGE, que começou em 2012. Em 2014, a receita bruta nominal de Serviços acumulou alta de 6%.

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