Consórcio de Teles Pires vai à Justiça contra atraso em linha de transmissão
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o consórcio Teles Pires, dono da usina, pretende acionar na Justiça a empresa responsável pela construção da malha. Três anos atrás, a Matrinchã Transmissora assumiu o compromisso de entregar, em janeiro de 2015, uma rede de 1.007 quilômetros de extensão para distribuir energia da usina. O cronograma foi para o ralo e hoje, na melhor das hipóteses, a usina só terá a rede à disposição no fim de agosto, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O atraso produziu uma bola de neve de problemas. Como não entrega energia, o consórcio Teles Pires não pode obter receita e, por isso, quer cobrar a Matrinchã pelos danos financeiros. As distribuidoras, que já contavam com a carga da usina, são obrigadas a buscar a reposição desses megawatts no mercado de curto prazo, a um preço muito maior. Para o consumidor, fica a pior parte da história.
Se a usina estivesse em operação desde o mês passado, apurou a reportagem, a população pagaria hoje R$ 42 milhões por mês pelos 778 MW médios que Teles Pires se comprometeu a entregar, conforme o preço de sua energia firmado em leilão de 2010, já corrigido pelo IPCA. Como as distribuidoras tiveram de comprar essa energia no mercado livre, porém, essa conta saltou para R$ 225 milhões por mês - mais de cinco vezes o valor original. Esses R$ 183 milhões adicionais já estão sendo cobrados via bandeira tarifária, incluída na conta de luz do consumidor em janeiro. O mesmo deve se repetir em fevereiro.
Embate
O embate jurídico que se desenha envolve gigantes do setor elétrico. Do lado da hidrelétrica, estão as empresas Neoenergia (50,1%), a estatal Eletrobras (Furnas com 24,5% e Eletrosul com 24,5%) e a Odebrecht Energia (0,9%). Do lado da linha de transmissão, o consórcio Matrinchã pertence à chinesa State Grid (51%) e à estatal paranaense Copel (49%).
Procurada pela reportagem, a State Grid declarou que não se manifestaria. A Copel informou que "a linha de transmissão teve o cronograma alterado por motivo de atrasos nos licenciamentos e nas liberações de interferências em sítios arqueológicos". Sem dar mais detalhes, a Copel informou que o atraso em sua obra é de apenas três meses, "muito inferior à média de 19 meses de atraso que tem ocorrido em obras do setor elétrico brasileiro". A estatal declarou, ainda, que está sendo construída uma "linha emergencial" para interligar sua rede a uma subestação já em operação na cidade de Sinop (MT).
O consórcio Teles Pires informou que concluiu 98% das obras e que "está em condições de produzir energia com a primeira turbina e cumprir todos os prazos para entrar em operação nas datas previstas". A empresa não quis comentar a movimentação em torno do processo judicial contra o Matrinchã. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.