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Para analistas, setor de educação pode reduzir matrículas mas não abandonará Fies

11:10 | 18/01/2015
As mudanças recentes feitas pelo governo federal no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) devem reduzir o interesse das empresas no programa, principal impulsionador do crescimento do setor nos últimos anos, na avaliação de analistas. Por outro lado, há no mercado quem duvide que as companhias seriam capazes de abandonar o programa, mesmo nas atuais condições, já que dependem dele para crescer.

Ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, fontes relevantes nas grandes companhias abertas de educação admitem que, se mantida a nova regra do Fies, poderão rever a forma de oferecer financiamento em suas universidades já no ciclo de matrículas do segundo semestre deste ano. Até hoje, as empresas vinham usando o Fies como forma de atrair novos alunos e investiam pesado em marketing para anunciar o programa. Isso pode mudar, uma vez que as novas regras de remuneração pelo Fies impactam o capital de giro das companhias.

Da forma como está, a portaria do MEC faz com que as companhias de grande porte recebam num ano apenas oito mensalidades dos alunos do Fies e não mais doze, como vinha acontecendo. Haveria um acúmulo de recebíveis. De acordo com fontes, as instituições vão receber as mensalidades num prazo maior - no caso de um curso de quatro anos, o pagamento seria feito ao longo de seis anos. As empresas pedem um prazo para que esse novo regime acabe e esperam que ele dure apenas durante 2015.

Por enquanto, segundo reportam as fontes, não houve mudanças na forma como as empresas promovem o Fies. Isso porque ainda estão em andamento negociações das empresas com o Ministério da Educação. Ainda existe a expectativa de que nesta semana seja marcada uma data para a reunião dos presidentes das principais companhias com o ministro Cid Gomes. Serão propostos ajustes nas portarias que alteraram o Fies na última semana de dezembro. Apesar disso, a constatação de que as negociações estão mais lentas do que o esperado, com atraso na resposta do MEC esperada para o início da semana, tem levado profissionais a considerarem que o cenário imposto pelas portarias vai se manter, ao menos no curto prazo.

As novas regras são vistas como "transformadoras" para o setor por diversos analistas e há quem compare o momento atual das empresas de educação com o que viveram as companhias de energia durante o processo de renovação das concessões. Ao mesmo tempo, os profissionais consideram que a dependência que as empresas têm do Fies faz com que o programa não se inviabilize por completo.

"As companhias parecem altamente dependentes do Fies para sustentar crescimento e margens", avaliou em relatório Luciano Campos, do HSBC. Para ele, os resultados das companhias ainda são melhores sob as novas regras do Fies do que se não houvesse o programa.

O analista do BB Investimentos, Mário Bernardes Júnior, concorda. "Uma grande parte dos novos entrantes nas companhias se matricula via Fies, é difícil imaginar que as empresas deixarão de oferecer o financiamento", comentou. Na opinião do analista, as empresas poderão tentar fazer alguns ajustes, mas equilibrarão a redução da exposição ao Fies de forma a não trazer impacto sobre as margens.

Nos cálculos de um grande banco, para cada 10 pontos porcentuais de redução na exposição das companhias ao Fies, haveria uma contração de 0,9 ponto na margem Ebitda das companhias. Uma alternativa seria que elas compensassem esse efeito temporariamente aumentando os preços das mensalidades.

Entre os efeitos que o crescimento do Fies vinha trazendo para as empresas estava a alta no tíquete médio dos cursos presenciais. Todas as companhias de capital aberto vinham reportando aumento na procura por cursos mais caros, como Engenharias e cursos de Saúde, uma vez que o estudante com financiamento não tem tanta sensibilidade a preço. As empresas ainda reportavam impacto positivo do Fies na redução da evasão. Evasão baixa é importante porque mantém salas de aulas cheias e ajuda na diluição de custos e crescimento das margens.

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