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Setor de factoring busca mudar imagem no País

14:40 | Dez. 14, 2014
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Apesar da fraqueza econômica, o setor de factoring deve fechar 2014 com um faturamento de R$ 100 bilhões, mesmo valor registrado no ano passado, quando o PIB cresceu 2,5%. O segmento pretende investir para ampliar a base de clientes, hoje em 150 mil médias e pequenas empresas espalhadas por todo País. Quer também mudar a imagem distorcida que colou no setor no Brasil, segundo a qual factoring é agiotagem e trabalha sempre com empresas falidas. Entre várias coisas, foi o que disseram durante entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, os presidentes da Associação Nacional de Factoring (Anfac) e da Brasil Factors, Luiz Lemos Leite e João Costa Pereira, respectivamente.

Originária dos Estados Unidos do século XIX, no Brasil o factoring começou em 11 de fevereiro de 1982, quando Lemos se aposentou no cargo de diretor da Área de Mercados de Capitais do Banco Central (BC). Posteriormente, o setor foi reconhecido pelo Banco Central como uma atividade mercantil. As factorings não podem captar recursos, mas somente trabalhar com pessoas jurídicas (empresas) e tomar apenas efeitos mercantis (direitos de crédito mercantis). Primordialmente, a atividade de factoring consiste na compra, à vista, de recebíveis de médias e pequenas empresas. A cada compra é aplicado uma taxa de deságio que varia de empresa para empresa. Este deságio é chamado de Fator Anfac e é atualizado e publicado mensalmente pelos principais jornais do País.

O último Fator Anfac, uma média das taxas de deságios para todo o setor e para todo o País, foi publicado esta semana e atingiu 3,96% ao mês. Na Brasil Factors, segundo Costa Pereira, a média é de 2,20%, podendo ser inferior ou superior a esta taxa dependendo do perfil da empresa cliente que ceder a sua carteira de recebíveis. "Na minha empresa, a nossa taxa máxima não passa de 3%", ressaltou o executivo.

O sistema de factoring no Brasil convive com uma taxa de inadimplência de 4% ao ano. Para o presidente da Anfac, trata-se de uma taxa baixa porque a partir do momento em que uma empresa se torna cliente de uma factoring, ela passa a ter sua vida acompanhada. "Sabe porque é baixo, ao contrário do banco? Porque como a factoring tem uma característica própria, no momento em que a empresa passa a ser nossa cliente, passamos a fazer um acompanhamento da vida dela. Então eu só vou comprar aquela duplicata ou título de crédito se eu tiver a absoluta certeza de que o sacado é bom. Se não, eu não compro", disse, explicando que o banco está confiando no cedente e não no sacado.

O setor não fechou ainda as previsões para 2015, mas trabalha, intuitivamente, com alguma queda no faturamento, já considerando os ajustes pelos quais a economia deverá passar no próximo ano. Mas o setor vê com otimismo as escolhas de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e Nelson Barbosa para o Planejamento. "Se (a presidente) Dilma delegar poder, a gente pode ter algum êxito. Mas como o PIB vai crescer em torno de 1% no ano que vem, teremos que segurar um pouco", disse Lemos.

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