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Íntegra da entrevista com José Cláudio Securato

00:00 | Dez. 01, 2014
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O POVO - Vamos falar um pouco sobre a sua vida, a formação do senhor. Além de economista, o senhor também é advogado de formação?

José Cláudio Securato -
Eu vim de uma família que estudou bastante. Meu pai foi engenheiro, matemático, fez mestrado, doutorado em matemática, administração, é professor livre docente da USP, professor titular da USP e da PUC de São Paulo. Minha mãe fez mestrado e doutorado também. Então, é uma família que estudou bastante. Meu pai fez uma carreira no mercado financeiro e faz uma carreira na USP e na PUC. A entrada em educação veio muito desse viés. Meu pai que plantou essa semente. Eu me graduei em economia e direito. Fiz faculdade de economia de manhã e direito à noite.

OP - Foi concomitante?

Securato - Sim. Ao mesmo tempo e trabalhava à tarde. A ideia do meu pai era simples: quando você é jovem, você não pode ter tempo ou então você faz besteira. É melhor deixar o filho ocupado. Fiz graduação de direito e de economia. Trabalhei à tarde. Trabalhei no mercado financeiro. Depois, fui contratado por uma empresa do mercado financeiro. Meu objetivo era trabalhar no exterior, em Nova York, mas entre um trabalho e outro eu fui trabalhar com meu pai. Trabalhava com educação já para executivos. E durante umas férias que eu passei com ele, acabei não saindo mais.

OP - Gostou do ramo?

Securato - Gostei de trabalhar com executivos. A Saint Paul já existia. Era uma consultoria e uma editora. Em 1996 começou a consultoria e em 1998 a editora.

OP - A Saint Paul já era da família?

Securato - Exatamente. Já era da família. Em 2002 foi quando eu fui buscar a área de educação para desenvolver focando em programas de educação para executivos de uma forma geral.

OP - As empresas investem bastante na educação dos executivos? O senhor teria ideia de percentuais?

Securato - O investimento é muito grande. O percentual varia muito de empresa para empresa. Tem grandes companhias que investem R$ 100, R$ 200 milhões por ano em educação. Algumas outras investem um pouco menos. Mas a gente estima que em torno de R$ 2 bilhões em desenvolvimento de pessoas, de executivos de forma geral. A educação é muito mais se você pensar que tem a educação da fábrica, sai do ramo exclusivamente de executivos. Mas de executivos é um volume bem grande.

OP - Esse volume continua crescendo apesar da crise?

Securato - Cresce porque uma coisa hoje muito importante para as empresas é produtividade. E ela só é conquistada quando as pessoas conseguem fazer mais com menos recursos e para o individuo fazer mais e usar menos recursos, ele tem que estar bem preparado. No fundo, o desenvolvimento de pessoas a médio e longo prazo acaba sendo um investimento muito barato. Melhora as pessoas, elas entregam mais, a empresa consegue reter essas pessoas por todo o investimento em educação. Eu acho que o Brasil avançou muito nesse sentido. As empresas brasileiras avançaram muito. A gente tem ajudado muito empresas brasileiras a fazerem o que se chama de universidades corporativas, a fazerem verdadeiras escolas de negócios dentro das empresas. Não quer dizer que eles mesmos vão ensinar, mas serve para organizar a educação dos alunos.

OP - É possível quantificar quanto seria a economia da empresa a partir do investimento em pessoas?

Securato - Essa é a grande pergunta: quanto é que é o retorno sobre o capital investido em educação especificamente no mundo executivo. Não existe uma resposta ainda fundamental para isso. O Brasil e o mundo estão investigando isso. Na Saint Paul temos um grupo de estudos que estuda isso. O que a gente já conseguiu fazer com alguns clientes, que eu ainda não posso dizer porque não temos o resultado ainda, mas o que eu posso dizer é que selecionamos dois grupos de populações: um grupo com treinamento e um sem treinamento. O que a gente tem conseguido visualizar é que o ganho de produtividade, de resultados é muito maior de quem tem treinamento.

OP - E os percentuais?

Securato - Os percentuais começam a ser em torno de 20%, 30%, mas a pesquisa ainda não acabou para podermos concluir. O aumento da produtividade. É uma forma barata, principalmente para serviços porque a tecnologia é a de pessoas. Você não tem uma máquina para operar melhor. Nos serviços tem uma importância maior.

OP - Como se chama essa ferramenta que está sendo utilizada? É uma pesquisa?

Securato - O que a gente quer é medir o ROI (returnoninvestment, em inglês. Retorno sobre investimento, na tradução). Está sendo feito dentro de um grupo de estudos da Saint Paul que ainda não tem resposta, mas a gente está conseguindo chegar perto de fazer uma fórmula, um método para que quando uma empresa invista R$ 1 mil em educação, ela saiba quando será o retorno por setor.

OP - Está sendo utilizado em que setores?

Securato - Setor bancário e indústria. Analisamos uma indústria e um serviço. O setor bancário foi escolhido porque é o maior investidor em pessoas de forma geral, volume de investimentos muito grande, até porque é um grande empregador. É um setor muito sofisticado, então é um grande educador. E pegamos uma fábrica porque a fábrica porque embora tenha tecnologia, queremos ver a diferença entre os setores.

OP - As empresas que mais investem em educação conseguem se desenvolver mais rápido?

Securato - Com certeza porque tem uma formação de capital a longo prazo. E tem uma coisa legal. Você olhando uma empresa em um horizonte de tempo amplo, ela consegue formar as pessoas para o futuro. Vamos pegar dois setores: uma empresa que não tem um processo de formação bem consolidado, quando ela cresce, precisa contratar gerentes, diretores de fora. Mas ela paga caro por essas pessoas. Empresas que investem em educação de longo prazo conseguem fazer algo diferente. Elas formam essas pessoas a longo prazo e isso é muito legal porque a pessoa já tem a cultura da empresa, já tem a vivência, conhece muito mais o negócio.

OP - Essa é a tendência? Formar os CEOs, os diretores a partir dos estagiários?

Securato - Com certeza. Não é à toa que muitas empresas fizeram programas de trainee muito parrudos, muito bem desenvolvidos. Na Saint Paul, nós treinamos muitas empresas e ajudamos as empresas a desenvolver os programas de trainee. Porque o jovem na graduação, no final da graduação, tem a oportunidade de uma carreira rápida, e o jovem busca isso, uma ascensão com velocidade.Por outro lado, a empresa consegue contribuir para a formação desse jovem e ao mesmo tempo adequar a cultura da empresa à cultura do jovem. Quando ele entra no nível gerencial, ele é um gerente com as habilidades corretas, com a cultura correta e a capacidade produtiva.

OP - Qual é o segredo para que o mesmo profissional continue crescendo, se desenvolvendo no decorrer do tempo? Porque às vezes o profissional vai perdendo o estímulo...

Securato - Claro. Chama isto de educação continuada. A educação tem que ser para sempre. Eu fiz as duas graduações, fiz um MBA de Finanças, fiz mestrado e doutorado e nem por isso paro de estudar. Eu continuo estudando e me reinventando o tempo inteiro. Hoje um jovem faz a graduação e depois precisa encontrar aquilo que ele quer fazer de profissão. A gente entra muito cedo na graduação. Quando termina a graduação, a gente acha um emprego, cria um negócio e esse negócio começa a dar certo, a carreira começa a dar certo. Dois anos depois, é recomendável que esse profissional volte aos bancos para fazer um programa de pós-graduação. O ideal é que ele faça um programa na especialidade que ele escolheu. Se for marketing, técnico em marketing, se for finanças, técnico em finanças e assim por diante. Essa fase é uma fase em que ele precisa ficar forte em termos técnicos. O que se espera dele é uma solução técnica. Ele é o tipo de colaborador individual. Não que ele trabalhe sozinho, mas ele responde pelo trabalho dele sozinho. Ou seja, ele não é um chefe.

OP - Ele está fazendo o nome dele?

Securato - Isso. Ele está fazendo o nome dele. Ele trabalha em um time, tem uma determinada função e o papel dele é chegar no horário e cumprir aquela função. Conforme ele vai evoluindo, a carreira dele melhora e ele vai coordenar o trabalho de outras pessoas que fazem aquilo. Então, no mundo de finanças por exemplo, ele não vai mais fazer o relatório, ele vai coordenar o relatório feito por outras pessoas porque ele já aprendeu a fazer o relatório muito bem. Ele superou as dificuldades de fazer um relatório. Então ele treina, capacita pessoas mais jovens que ele. Nessa etapa, ele precisa estar com um curso de pós-graduação concluído porque nessa fase o nível técnico exigido é muito mais alto. Em um outro nível, quando ele vai para um cargo de gestão de pessoas, ele precisa de um MBA, que é um curso que exige mais nesse sentido porque gerenciar pessoas já chega em um nível mais sofisticado.

OP - Seria mais ou menos depois de uns cinco anos de carreira?

Securato - Com cinco anos de carreira seria uma boa média. Se a carreira for mais rápida, vai ser em quatro, se demorar mais, vai ser em sete. Depende do setor, do tamanho da empresa, de uma série de variáveis, mas cinco anos é uma boa média.

OP - Quem quer fazer mestrado, doutorado, em geral quer seguir carreira acadêmica. As empresas estão contratando mais mestres e doutores?

Securato - É exatamente isso que está acontecendo. Normalmente, o mestrado e o doutorado era recomendado para quem quer seguir carreira acadêmica. Agora quando a gente pensa no mercado de trabalho, a exigência às vezes por profissionais muito especialistas, elas têm recorrido aos profissionais de mestrado, principalmente. E eventualmente doutorado. Se precisa de um especialista para uma área sofisticada, uma área de risco. Nesse caso, a elevação da carreira além de gestor, continua sendo um técnico importante. Não é apenas um trabalho que o curso de especialização possa fazer, aí o mestrado resolve bem. E as empresas estão muito satisfeitas chamando profissionais de dentro da universidade para trabalhar também.

OP - Está havendo uma mudança dentro da própria universidade? A universidade está olhando mais para o mercado e vice-versa? São mais parcerias?

Securato - Há muitas parcerias também. As universidades têm cada vez mais recrutado profissionais do mercado e muitos alunos das universidades têm ido para o mercado. É um casamento muito feliz e que deve se prolongar por muito tempo. O Brasil cresceu muito e se desenvolveu bastante. Então, o nível dos serviços está muito mais complexo. Isso vai exigir mais envolvimento dos mestrados e doutorados. Por outro lado, o que a gente tem feito na escola de negócios é sofisticar o programa de pós-graduação e de MBA. São importantes porque o programa que a gente dava há dez anos não é mais o mesmo. A gente tem um programa muito mais difícil. Vai muito mais longe, muito mais profundo, até se aproximar do que a gente tem no mestrado.

OP - Quais são os programas que a Saint Paul desenvolve?

Securato - Hoje os programas são voltados para a administração, economia e contabilidade e especificamente dividimos em pós-graduação e MBA. Em pós-graduação nós temos 11 programas que são finanças, mercado financeiro, estratégica, inteligência de mercado, gestão de negócios; são os principais. Nos MBAs nós temos de finanças, mercado financeiro, liderança, MBA de gestão de negócios e empreendedorismo. Esses são os MBAs que nós temos. Aqui em Fortaleza, estamos com três programas que são os três principais programas que nós temos em São Paulo. São três programas absolutamente vencedores que são os MBA de finanças e a pós-graduação de estratégia e a pós-graduação de inteligência de mercado. Não existem esses programas de forma geral quando você sai de São Paulo. E a gente acredita que as pessoas demandam, as pessoas querem e são programas muito maduros e consistentes.

OP - Esses são feitos em parceria com a Fa7?

Securato - Todas as nossas atividades em Fortaleza são realizadas com a parceria do Instituto Fa7. Não temos a pretensão de trabalhar sozinho. A ideia da parceria é entendermos as necessidades. De tantos programas que nós temos, quais são os que a gente vai trazer para cá? Só o Instituto Fa7 consegue dizer isso para a gente com anos, décadas de experiência vai poder dizer isso para a gente.

OP - Quais as necessidades dos executivos cearenses?

Securato - Os executivos cearenses são bons executivos, fazem programa de pós-graduação há bastante tempo. Eles já compreenderam aonde o programa de pós-graduação se encaixa na carreira. O executivo é exigente no programa de pós-graduação. A gente entende que três vertentes são muito importantes: finanças, mas não um programa introdutório, mas mais um programa sofisticado, mas aprofundados. Também nos mestrados e doutorados os programas de finanças são programas fortes. Então, já é por definição um estado que forma pessoas boas. Então, nós trouxemos o programa de finanças para trazer um programa mais complexo, mais profundo, inclusive com a opção de um módulo internacional com um de nossos parceiros nos Estados Unidos.

OP - O Ibef também tem expertise nesse assunto?

Securato - Sem dúvidas. O Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças trabalha forte com isso e inclusive o Ibef daqui do Ceará tem contribuído muito com a gente também. Eu sou presidente do Ibef de São Paulo, mas o Ibef daqui também tem contribuído muito com a gente. Outra demanda bastante importante é na gestão de negócios, mas não em uma gestão de negócios clássica, mas estratégica. Temos também a pós-graduação em estratégia empresaria, que olha mais os resultados globais da empresa, expansão, estratégia de consolidação do mercado. É um programa bem sofisticado para ajudar as empresas a desenvolverem formas de expansão, de otimização, de melhorar resultados.

OP - Os executivos cearenses querem investir mais em exportação?

Securato - Sem dúvidas. O Ceará é o terceiro maior estado em investimento do Brasil. É um estado que tem perspectiva de crescimento acima da média do Nordeste e acima da média Brasil. O empresariado está de olho nessas alternativas de crescimento, por isso a estratégia é tão importante. Nessa pós-graduação de estratégia, conseguimos olhar macro e na outra pós-graduação que estamos trazendo, que é de inteligência de mercado, a gente consegue olhar o micro. Então isso é muito legal porque em uma pós-graduação em que eu vejo o macroambiente, a economia, estratégia, como faz para se desenvolver, a gente consegue fazer uma boa macro gestão e dar os direcionadores da empresa. Para conseguir chegar nesse objetivo que já foi determinado, a outra pós-graduação de inteligência de mercado serve para conhecer a estratégia micro-econômica para percorrer e seguir o caminho mais estratégico.

OP - Existem algumas estratégias in company?

Securato - O Instituto Fa7 e a Saint Paul planejam uma abordagem conjunta nas 100 maiores empresas do Ceará para construção de parcerias em programas in company. O resultado das primeiras reuniões foram muito positivos e as propostas estão se transformando em negócios gradativamente. Pretendo pessoalmente, junto com a equipe do Instituto FA7, visitar as empresas e apresentar o que a parceria entre o Instituto Fa7 e a Saint Paul podem oferecer em educação executiva.

OP - Já pode adiantar alguém?

Securato - Os primeiros contratos estão sendo assinados agora, mas não gostaria de anunciar nada sem a devida efetivação. Importante frisar que são empresas e bancos de renome e importância nacional.

OP - Quais são os principais cenários econômicos para 2015, quais são as perspectivas?

Securato - Minha tese é que o Brasil precisa retomar confiança. Com confiança, a gente consegue retomar o caminho do crescimento econômico e ter ganhos periódicos de reformas, de conquistas no fundo para melhorar o País como um todo. A confiança é muito importante porque vai fazer com que a gente traga investimentos internacionais para o Brasil e que o empresariado local brasileiro invista com mais rigor, sem medo do retorno. Para isso acontecer, o próximo governante vai ter que comunicar melhor, principalmente no lado econômico quais são essas mudanças. Eu não acho que o Brasil tem que partir para reformas mirabolantes, que são reformas importantes. Reforma da previdência, tributária, política, trabalhista são reformas muito importantes, mas eu acho que hoje elas têm que ficar para um segundo plano. O que o Brasil precisa é retomar confiança, o que significa que precisa restabelecer o tripé macroeconômico, comunicar corretamente as políticas monetárias, comunicar o posicionamento do Banco Central como independente, autônomo, em que nível, de que forma. Responder de forma mais correta pela área fiscal do País. O Brasil não pode ter uma contabilidade criativa como é chamada.

OP - O Brasil não pode inventar.

Securato - Não pode inventar moda. Não pode querer enganar o mercado, divulgar um número quando na verdade é outro. As principais vertentes disso é resolver um problema fiscal e monetário. A área econômica acaba sendo a área mais sensível. Cada candidato tem uma proposta para os outros ministérios. Todos são ministérios importantes, mas não há dúvida de que temos um excesso de ministérios. O Brasil não precisa de toda essa estrutura para ser governado. Mas como primeiro passo, como emergencial, o Brasil precisa retomar confiança. Vamos demorar 2015 inteiro para retomar confiança para talvez em 2016, 2017 e 2018 ter números melhores.

OP - O empresariado brasileiro de uma forma geral é cauteloso...

Securato - É verdade. E os cem primeiros dias de Governo Dilma vão ser importantes para a gente entender se as propostas são boas e se serão implementadas e se 2015 será suficiente para que esses ajustes façam efeito em 2016, 2017, 2018. Se os 100 primeiros dias forem positivos, o PIB começa a crescer, voltaremos a gerar empregos e os outros dados macroeconômicos começam a melhorar. O governo Dilma será avaliado não só pelas nomeações, mas pela liberdade que dará aos seus ministros da fazenda e planejamento, bem como ao presidente do Banco Central. Os resultados que o mercado avaliará são voltados para capacidade do governo manter as notas de risco dadas pelas principais agências internacionais. Para isso será preciso: recuperar o tripé macroeconômico, ou seja, restabelecer e cumprir metas para o superávit primário, manter o câmbio flutuante e recuperar a credibilidade do sistema de metas de inflação, buscando o centro da meta.

OP - Gostaria que o senhor falasse acerca do seu livro “Economia, história, conceitos e atualidades”

Securato - Esse livro é o resultado das minhas aulas de economia em diversos cursos que eu ministrei pela Saint Paul. Foram mais de 700 vezesas oportunidades que eu tive de ministrar aulas. Eu escrevi com o tempo um manual de economia brasileira para ajudar estudantes de graduação e pós-graduação e também executivos de forma geral a compreender a economia brasileira. Ele tem informações gerais da economia do Brasil. Eu quebro o livro em algumas partes. Tem uma partede teoria econômica que é muito importante que fala dos principais pensadores para explicar o ambiente econômico, a história da economia, as principais correntes de pensadores. Falo sobre a história da economia brasileira desde o pós-guerra,de todos os planos econômicos, os principais presidentes. Mostro como era o plano de substituição de importação nas décadas de 1950 e 1960, como foi o milagre econômicodurante o período militar, a década perdida pelo processo de inflação das décadas de 1980 e 1990. E tem uma parte que eu trato de políticas econômicas, mostro quais são osinstrumentos que o Governo tem a disposição para influenciar a economia, ascaixinhas de ferramentas que o Governo tem para fazer a economia do Brasil crescer, controlar a inflação. Outra parte do livro falo sobre as principais variáveis que a gente deve se atentar para controlar e acompanhar a economia. Uma leitura de jornal cotidiana, PIB, emprego, inflação, taxa de juros, taxa de câmbio, setor externo, dívida, preço de petróleo, agência de classificação risco. É um livro bem direto e relativamente curto para o volume de temas que eu trato. É bem objetivo. Ele tem muitos dados.Mostro dados do PIB do Brasil e do mundo. Ajuda as pessoas a entenderem e tem o objetivo de ser muito didático. Abro mão às vezes de detalhes técnicos de programas de economia mais formais para conseguir ser didático para que as pessoas possam compreender economia, o dia a dia da economia brasileira.

OP - Esse manual é para ajudar as pessoas a compreenderem a dinâmica economia. A economia brasileira é facilmente compreensível, talvez por conta do tripé da economia?

Securato - Pelo fato de a inflação ter sido controlada há 20 anos com o Plano Real, acho que o brasileiro evoluiu muito a forma de entender economia e houve também uma evolução da educação.De forma geral, ficou mais fácil de ser compreendida por conta da dificuldade da inflação. Acho que as pessoas conhecem pouco de economia. Eu percebo que as pessoas têm muito mais interesse de aprender e de entender. As pessoas entendem que é um tema inerente ao dia a dia de todos nós. Entender que ano que vem o PIB do Brasil se vai crescer, se vai gerar emprego. É importante para todos os brasileiros. Todos nós que estamos empregados, temos renda queremos saber se a nossa vida, de nossas famílias vai ser melhor.

OP - As pessoas vão entendendo que compreender a macroeconomia é importante para o dia a dia.

Securato - A gente tem muito acesso à informação, o que não quer dizer que a gente entende a informação. Toda vez que se tem uma matéria específica sobre algum dado econômico às vezes assusta as pessoas que não estão tão familiarizadas. Obrasileiro está cada vez mais interessado e percebe que tem a ver com seu dia a dia. Isso aumenta o interesse e a busca de informação.

OP - O senhor começou a dizer sobre a sua formação que teve a influência do seu pai. Sua família inteira segue a área acadêmica?

Securato - Meu pai é um dos maiores nomes de finanças do Brasil. Sem falsa modéstia, ele foi um divisor de águas no ensino de finanças do Brasil e revolucionou a forma de se ensinar finanças e se produzir estudos de finanças na Universidade de São Paulo. Capacitou centenas de grandes executivos no mestrado e no doutorado. E eu sou um deles. Sou mais um fruto do trabalho da geração de jovens professores e executivos que conseguiu ter essa visão financeira. É da minha família também. Meu irmão sempre trabalhou no mercado financeiro. Meus tios e meus primos trabalham no mercado financeiro. No fundo, o sobrenome Securato acabou virando um sinônimo, uma coisa muito próxima de finanças. Eu tenho um pouco mais de 10 livros publicados, meu pai tem muito mais. As pessoas estudam nos nossos livros, acompanham as nossas aulas. Para escrever o livro de economia, eu tinha dado aquela aula 700 vezes. É muita gente que tem convívio com a gente no mundo de finanças. O que é uma satisfação muito grande. Nós temos 10 princípios de trabalho na Saint Paul. Um deles é que nós temos a satisfação e o compromisso de transformar a vida das pessoas por meio do conhecimento. Isso é uma coisa muito forte para a gente. Todo mundo tem que trabalhar e nós temos a sorte de trabalhar com educação que a gente pode transformar a vida das pessoas. A gente acompanha a carreira dos alunos e é legal porque o aluno entra jovem, faz um programa, um curso com a gente. Depois ele faz um MBA, depois ele volta e já é o gerente da área.É muito bacana conseguir juntar finanças e educação que é uma veia forte do meu pai, que é um grande educador.

OP - Na sua família são quantos irmãos, todos ligados à educação?

Securato - Tenho um irmão e uma irmã. A minha irmã também trabalha na área de educação.Ela é diretora de uma faculdade

OP - O senhor é casado? Tem filhos?Quantos anos tem?

Securato - Tenho 36 anos. Sou casado. Eu casei em 2011 e tenho um filho de 8 meses. Sou muito bem casado.Minha esposa é advogada. Nós nos conhecemos na área jurídica. Eu fiz direito também e dentro das atividades que a gente trabalha, temos um escritório de advocacia. Nós nos conhecemos nesse escritório de advocacia.

OP - A Saint Paul já foi escolhida várias vezes como uma das melhores escolas para executivos do mundo...

Securato - O que a gente acha legal da Saint Paul de forma geral. Nós não comentamos muito porque somos um pouco mais fechamos, mas podemos comentar um pouco sobre os planos de expansão. Este foi um ano muito importante para a gente. Fizemos essa parceria com a Fa7 para sair pela primeira vez de São Paulo. A gente sempre se concentrou em São Paulo. São aproximadamente 10 mil alunos por ano, temos um volume muito grande de pessoas. Mas a gente sabe que o País tem uma demanda muito grande por educação. Vamos fazer uma expansão e temos 20 cidades em mente. Começamos por Fortaleza. Estamos muito felizes de poder ter feito a primeira cidade em Fortaleza. Foi muito significativo. Os primeiros três programas de Pós Graduação lançados em setembro/outubro, Programa de Pós Graduação em Estratégia Empresarial (Certificate in Business Strategy), Pós Graduação em Inteligência de Mercado (Certificates in Market Intelligence) e o MBA em Finanças, já iniciaram suas aulas com cerca de 20/25 alunos por turma.

OP - Há quanto tempo vinham as negociações?

Securato - Começamos as negociações este ano. Houve uma ligação forte na mentalidade das duas escolas. O Instituto Fa7 e a Saint Paul, ambastêmuma orientação para a qualidade. Depois de algumas reuniões por telefone, jáconseguimos fazer um esboço do contrato que seria feito e com uma reunião presencial conseguimos evoluir a parceria e lançar os primeiros cursos. Estamos tendo uma ótima sinergia das equipes. As equipes são competentes e estãotrabalhando bem juntos. Tem mercado bastante para a gente poder expandir as atividades.

OP - Qual a expectativa de número de alunos?

Securato - Estamos planejando os cursos para o primeiro semestre 2015. Teremos a manutenção desses programas lançados em 2014 e a inclusão de novos Certificates e MBAs já em março de 2015. O número de alunos deve aumentar portanto pelo aumento do número de turmas.

Outro foco muito importante são as empresas. Começamos a trabalhar firme nos programas in company com os principais bancos e empresas que atuam em Fortaleza, no Ceará como um todo e também usar Fortaleza como um polo de desenvolvimento do Nordeste para trazer outros empresários, empresas para que capacitem suas equipes aqui com a Saint Paul e o Instituto Fa7. Tenho uma agenda repleta de compromissos. Retorno no começo de janeiro para as próximas reuniões, conversar com as principais lideranças dessas empresas para conseguir desenvolver esses projetos. A gente tem expectativa de terminar 2015 com mil alunos, um número consistente passando pelos nosso programas de capacitação. Tudo isso presencial sem contar à distância.

A Saint Paul tem programas a distância pelo portal saintpaul.com.br. As pessoas podem fazer os cursos presencialmente no Instituto Fa7 e alguns outros cursos diferentes do que vamos oferecer aqui podem ser assistidos e frequentados à distância. Temos programas ao vivo. O aluno se matricula como um curso normal. Nós temos uma produtora de TV. Nós transmitimos essas aulas ao vivo pela internet e todo o público do Ceará que quiser se desenvolver tem essa possibilidade de acessar nossos cursos.

OP - O senhor falava em 20 cidades. Pode dizer as outras que estão em negociação?

Securato - Uma parte das operações é própria e outra feita com parceiros. Nossa operação própria que estamos estudando e desenhando é o Rio de Janeiro. A gente deve ter um centro de treinamento nosso lá. É uma cidade que a gente já atua muito forte. A gente já tem um grupo de professores da Saint Paul que são Rio de Janeiro e muitos autores cariocas professores das principais universidades. E já temos muitas empresas clientes do Rio de Janeiro. Essa é a próxima cidade. Com parceria a gente ainda estuda. São muitos parceiros. Não temos contratos fechados com outra escola. A gente estuda o Sul e eventualmente a outra cidade do Nordeste.

OP - No sul em que estado?

Securato - Curitiba é o polo mais interessante para a gente poder trabalhar. No centro-oeste, Campo Grande, que é uma cidade muito interessante, muito próxima de São Paulo. Está a 1h15 de São Paulo de voo. Espaço para a gente se locomover com os professores e coordenadores. Outro polo muito importante é Campinas, interior de São Paulo, que tem uma disposição natural para a gente.

OP - Porque então Fortaleza como primeira se o Rio de Janeiro e Campinas já tinham clientes?

Securato - Essa é uma pergunta que todo mundo faz.Quando começamos a conversare fazer planejamento das atividades que tínhamos interesse distribuídas entre Rio de Janeiro como um bloco, interior de são Paulo outro bloco, cidade São Paulo outro bloco e depois outras capitais, por que começar por Fortaleza?Fortaleza foi o melhor parceiro que encontramos em vista da Fa7.O que favoreceu começar por aqui foi ter uma instituição forte, tradicional, com viés de qualidade muito forte, que trabalha de forma profissional eque combinou muito com o que a gente faz em São Paulo. Outra coisa importante na visão macroeconômica. A gente sabe que é um estado que tem um PIB crescente acima da média do Nordeste e do Brasil e é o terceiro maior em volume de investimento do Brasil, muitobem posicionado na região Nordeste. No fundo, sobram motivos para fazer a parceria aqui.

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