Operação Lava Jato pode comprometer futuro de concessões
"Pode ter problema nas coisas novas", disse um executivo do setor de construção pesada. Isso significa um buraco potencial de pelo menos R$ 9,7 bilhões nas contas de 2015. A previsão era arrecadar, no ano que vem, R$ 7,1 bilhões em bônus de assinatura pela exploração de áreas do pré-sal e outros R$ 2,6 bilhões com concessões de aeroportos. O governo não anunciou quais seriam, mas estão cotados os de Recife, Salvador, Vitória e Porto Alegre.
Pode ficar prejudicado também todo o programa de concessão de ferrovias, que estava em preparação para começar em 2015. Esse, porém, já tinha perspectiva de atraso por causa de insegurança das construtoras quanto ao modelo proposto. A concessão de quatro novos lotes rodoviários também deve sofrer impacto.
Reação
O setor ainda não tem ideia de como será afetado pela operação, mas um executivo ouvido pelo jornal O Estado de S. Paulo indicou a estratégia de reação das empresas: isolá-las dos personagens comprometidos com as irregularidades. "Afetou algumas pessoas, pelo que sei, mas não vejo por que afetaria a questão operacional." Esse foi o mesmo discurso adotado pelo ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. Ao Broadcast, ele disse que as empresas não são iguais a seus executivos e minimizou o risco de prejuízos às obras. "Eu acho que as empresas têm características diferentes das pessoas físicas."
A expectativa das construtoras é de que os contratos em andamento com o governo federal não sejam atingidos. Isso, porém, depende do andamento das investigações.
As nove construtoras que hoje estão na berlinda são as maiores do País, responsáveis por boa parte dos R$ 221,7 bilhões que o setor da construção civil faturou em 2013. Elas estão em todos os grandes projetos do governo e na maior obra em infraestrutura do País, a refinaria Abreu e Lima, orçada em R$ 37,4 bilhões e centro da operação Lava Jato. Seja como prestadoras de serviços ou sócias de consórcios, elas também atuam diretamente em projetos estruturais, como a construção da hidrelétrica Belo Monte, no Pará, uma obra de R$ 30 bilhões.
Também estão presentes em obras emblemáticas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como a transposição do São Francisco, o Rodoanel de São Paulo e a ferrovia Norte-Sul, além das usinas Jirau (RO) e Santo Antônio (RO). Além de serem tocadas por grandes empreiteiras, todas essas obras têm em comum o fato de dependerem de financiamento do BNDES. Questionado sobre isso, o banco disse que "está acompanhando os acontecimentos relacionados à investigação da Polícia Federal e, se necessário, vai se pronunciar sobre o caso no momento oportuno". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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