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Entidades preveem baixo crescimento das vendas no Natal

13:50 | Nov. 24, 2014
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As vendas do próximo Natal devem ter um crescimento modesto em relação ao resultado do ano passado. Entidades representantes de lojistas ouvidas pelo jornal "O Estado de S. Paulo" esperam aumento em torno de 1% a 3% em termos reais para o final de 2014. O baixo crescimento reflete o atual cenário da economia brasileira, com inflação elevada, alta do dólar e o aumento na taxa de juros tornando o crédito mais caro.

Nessas condições, o consumidor acaba perdendo a confiança no mercado, de acordo com o economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), Fábio Pina. Para ele, na melhor das hipóteses, o ritmo das vendas aumentará apenas 1% em relação ao mesmo período de 2013.

"O volume de crédito vem caindo. Então, o comerciante faz as contas e se vê com menos recursos. Isso faz com que o consumidor tenha menos confiança. Se o rendimento é baixo, o comerciante não dá nenhuma garantia ao seu cliente de que venderá mais neste ano", diz o economista.

Por isso, antecipar as promoções pode se tornar uma estratégia para muitas lojas e comerciantes driblarem um Natal discreto. O economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, espera um crescimento de 2% em comparação com o resultado de há um ano. Ele ainda indica uma atitude cada vez mais comum do consumidor: "Hoje em dia, acontece muito de a pessoa não dar presente no Natal para comprá-lo só depois da data buscando preços mais em conta".

Já a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) prevê que as vendas natalinas nos 866 shoppings espalhados pelo País aumentarão em 3% em comparação com dezembro de 2013. Para o presidente Nabil Sahyoun, a diminuição no consumo desde a Copa do Mundo e a incerteza do rumo na economia são fatores que dificultam uma previsão mais positiva. "Agora fica a expectativa de quem vai ser o novo ministro da Fazenda em 2015 para termos maior credibilidade e para que os empresários voltem a investir", diz ele, fazendo alusão à anunciada saída de Guido Mantega para o segundo mandato presidencial de Dilma Rousseff.

O impacto da baixa projeção do consumo deve atingir setores específicos do varejo, como cita Solimeo. "Até aqui, setores de confecções e calçados estão com vendas fracas. Os supermercados estão crescendo bem pouco também e nós imaginamos que isso vai predominar até o fim do ano."

13° salário

Ainda que o ritmo esperado para o fim do ano seja modesto, Nabil Sahyoun lembra que a injeção de cerca de R$ 158 bilhões na economia relativos ao 13.° salário - que representam aproximadamente 3% do PIB - e a alta demanda por presentes em dezembro podem amenizar a projeção pessimista. O presidente da Alshop lembra que, mesmo em anos de crise, é justamente na época do Natal que há compensação financeira. "As empresas favorecem cada vez mais seus colaboradores, criando um ambiente de festas, a reunião de grupos, refletindo em presentes nos shoppings. Tudo isso acaba trazendo um movimento bom".

De acordo com pesquisa da Alshop, o setor de vestuário é um dos segmentos de comércio mais favorecidos nas compras para presentes no fim de 2014. Mesmo assim, lojistas que trabalham nessa área estão tomando precauções com o esfriamento das vendas no segundo semestre.

O presidente da rede Riachuelo, Flávio Rocha, diz que a baixa tendência de crescimento requer estratégias mais eficientes para manter o bom nível de vendas da empresa também no Natal. Ações promocionais têm sido fundamentais para atrair o consumidor.

"O Natal pede algo mais promocional. Por isso dividimos nossa estratégia em duas ações - uma em novembro, em que o cliente compra o produto para si, e outra depois da Black Friday, em que as ofertas são maiores, pois a sensibilidade aos preços é maior quando se compra presentes para terceiros", explica Rocha.

O CEO da rede de vestuários aposta que haverá produtos com preços mais em conta após a Black Friday, no próximo dia 28. "Muitos itens da loja vão ter forte apelo com ofertas atrativas, como camisetas polo, calças jeans básicas, T-shirts e também camisas sociais. Mas não são produtos que sobraram no estoque, mas são matadores em matéria de preços."

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