Entidades preveem baixo crescimento das vendas no Natal
Nessas condições, o consumidor acaba perdendo a confiança no mercado, de acordo com o economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), Fábio Pina. Para ele, na melhor das hipóteses, o ritmo das vendas aumentará apenas 1% em relação ao mesmo período de 2013.
"O volume de crédito vem caindo. Então, o comerciante faz as contas e se vê com menos recursos. Isso faz com que o consumidor tenha menos confiança. Se o rendimento é baixo, o comerciante não dá nenhuma garantia ao seu cliente de que venderá mais neste ano", diz o economista.
Por isso, antecipar as promoções pode se tornar uma estratégia para muitas lojas e comerciantes driblarem um Natal discreto. O economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, espera um crescimento de 2% em comparação com o resultado de há um ano. Ele ainda indica uma atitude cada vez mais comum do consumidor: "Hoje em dia, acontece muito de a pessoa não dar presente no Natal para comprá-lo só depois da data buscando preços mais em conta".
Já a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) prevê que as vendas natalinas nos 866 shoppings espalhados pelo País aumentarão em 3% em comparação com dezembro de 2013. Para o presidente Nabil Sahyoun, a diminuição no consumo desde a Copa do Mundo e a incerteza do rumo na economia são fatores que dificultam uma previsão mais positiva. "Agora fica a expectativa de quem vai ser o novo ministro da Fazenda em 2015 para termos maior credibilidade e para que os empresários voltem a investir", diz ele, fazendo alusão à anunciada saída de Guido Mantega para o segundo mandato presidencial de Dilma Rousseff.
O impacto da baixa projeção do consumo deve atingir setores específicos do varejo, como cita Solimeo. "Até aqui, setores de confecções e calçados estão com vendas fracas. Os supermercados estão crescendo bem pouco também e nós imaginamos que isso vai predominar até o fim do ano."
13° salário
Ainda que o ritmo esperado para o fim do ano seja modesto, Nabil Sahyoun lembra que a injeção de cerca de R$ 158 bilhões na economia relativos ao 13.° salário - que representam aproximadamente 3% do PIB - e a alta demanda por presentes em dezembro podem amenizar a projeção pessimista. O presidente da Alshop lembra que, mesmo em anos de crise, é justamente na época do Natal que há compensação financeira. "As empresas favorecem cada vez mais seus colaboradores, criando um ambiente de festas, a reunião de grupos, refletindo em presentes nos shoppings. Tudo isso acaba trazendo um movimento bom".
De acordo com pesquisa da Alshop, o setor de vestuário é um dos segmentos de comércio mais favorecidos nas compras para presentes no fim de 2014. Mesmo assim, lojistas que trabalham nessa área estão tomando precauções com o esfriamento das vendas no segundo semestre.
O presidente da rede Riachuelo, Flávio Rocha, diz que a baixa tendência de crescimento requer estratégias mais eficientes para manter o bom nível de vendas da empresa também no Natal. Ações promocionais têm sido fundamentais para atrair o consumidor.
"O Natal pede algo mais promocional. Por isso dividimos nossa estratégia em duas ações - uma em novembro, em que o cliente compra o produto para si, e outra depois da Black Friday, em que as ofertas são maiores, pois a sensibilidade aos preços é maior quando se compra presentes para terceiros", explica Rocha.
O CEO da rede de vestuários aposta que haverá produtos com preços mais em conta após a Black Friday, no próximo dia 28. "Muitos itens da loja vão ter forte apelo com ofertas atrativas, como camisetas polo, calças jeans básicas, T-shirts e também camisas sociais. Mas não são produtos que sobraram no estoque, mas são matadores em matéria de preços."
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