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Déficit em conta corrente deve seguir elevado, diz Besi

11:00 | Out. 24, 2014
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O déficit em conta corrente do Brasil em setembro, de US$ 7,907 bilhões, ficou perto da projeção do Besi Brasil, de US$ 7,7 bilhões. Mesmo assim, isso não significa que o dado seja positivo e o rombo nas contas externas deve continuar elevado nos próximos meses, segundo o economista-sênior do banco, Flávio Serrano.

De acordo com ele, a recente depreciação do real até tem algum efeito de redução do déficit, mas que é ofuscado pela inflação elevada, que tira a competitividade do produto brasileiro. "O que importa é o câmbio real", explica. Por outro lado, a alta do dólar não tem tirado o ímpeto dos brasileiros de viajar, com o déficit da conta de viagens internacionais em US$ 1,894 bilhão em setembro. Serrano aponta que, para os turistas, a alta de 6%, 7% do dólar não tem tanto efeito, significando um gasto maior de cerca de R$ 300. "Isso não faz tanta diferença para os viajantes, que muitas vezes parcelam esses gastos".

Serrano diz que os números parciais da balança comercial em outubro estão bastante negativos, contrariando as estimativas de superávit em função da sazonalidade positiva. Por isso, ele acredita que o resultado em conta corrente deste mês deve vir com forte saldo negativo. Para 2014, o Besi estima que o rombo deve ficar em torno de 3,7% do PIB, próximo do nível atual no acumulado do ano.

O analista diz que o déficit na conta corrente certamente aumenta a fragilidade da economia brasileira, mas provavelmente não será o fator determinante para o futuro do rating brasileiro. Para ele, as agências de classificação de risco estão mais preocupadas no momento com fatores internos, como o baixo crescimento e o aumento da dívida pública. "Além disso, boa parte do déficit ainda é financiada por investimento estrangeiro direto (IED) e nós temos reservas internacionais consideráveis".

Segundo o economista, apesar da desaceleração da economia brasileira, o déficit em conta corrente vai continuar elevado por um bom tempo, já que o modelo econômico do governo visa estimular o consumo, enquanto os investimentos estão em queda. "Esse descompasso entre oferta e demanda continua existindo e nós precisamos da poupança externa", conclui.

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