Fronteira agrícola teme queda de preços internacionais
O Norte Araguaia, região distante e de difícil acesso, recebeu dezenas de agricultores nos últimos três anos, que investiram pesado para abrir 430 mil hectares de plantação. Se em anos anteriores, até setembro, quase metade da produção de soja já estava vendida, neste ano sequer 10% foram comercializados.
Por ser uma região nova no plantio, os custos de produção são maiores. Incluem o investimento inicial com máquinas e terras. A queda nos preços agrícolas é especialmente nociva para quem recorreu a financiamentos e tem parcelas do crédito vencendo nos próximos meses. Os grandes produtores, que normalmente usam recursos próprios, conseguem minimizar as perdas. Os pequenos, no entanto, não têm alternativas para contornar o baque de uma safra frustrada.
Segundo Paulo Borges, que tem uma fazenda na região, um produtor de soja pode ter até 20% de retorno no negócio em um período de dez anos, mesmo que tenha perdas em alguns anos. "Este é o negócio com a menor barreira de entrada que existe. Qualquer um pode comprar terras e começar a plantar", diz Borges. Qualquer um, porém, é modo de dizer. Para plantar em 500 hectares, considerado uma pequena propriedade no Mato Grosso, é preciso ter pelo menos R$ 2 milhões.
Com tanto dinheiro aplicado nos últimos anos, a expectativa para a nova safra não é das melhores e o clima entre os agricultores da região é de apreensão. Os produtores dos Estados Unidos começaram a colher seus grãos e devem registrar uma supersafra. Isso tem feito os preços na Bolsa de Chicago, que balizam toda a venda de soja no mundo, despencarem. A cotação do bushel (unidade de medida dos grãos no mercado americano) chegou nesta semana a US$ 10, o menor patamar dos últimos quatro anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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