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Entrevista com João Borges na íntegra

14:00 | Set. 20, 2014
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Tipo Notícia
1 – Que motivos levariam os médicos a não se especializarem em pediatria?
As especialidades, eminentemente clínicas, como a pediatria, têm sofrido muito nas suas remunerações. Isso acontece porque outras especialidades, que têm procedimentos conjuntos a ela, fazem com que a remuneração da própria consulta seja maior. Eu acredito que apesar do atual déficit ser mercadológico já acontece uma mudança desse contexto, que em breve poderá ser vista com maior clareza.

2 – Que mudanças vêm ocorrendo?

Se em tempos atrás, por exemplo, um valor de plantão para um pediatra era mais baixo do que para uma outra especialidade, atualmente essa realidade monetária começou a se reverter exatamente pelo baixo número de pediatras versus a enorme demanda. Hoje, o plantão de um pediatra muitas vezes tem valor superior ao de outras especialidades. Começamos a perceber que os estudantes estão mais atentos a pediatria por observarem essa realidade de mercado, que é favorável para quem se forma devido à própria carência.

3 – Quanto um pediatra ganha?

As consultas variam muito, a nível de convênio de R$ 50,00 a R$ 80,00. Nos consultórios particulares chega até os R$ 500,00. Em algumas subespecialidades da pediatria, em áreas de habilitação, como, por exemplo, a neonatologia, existem alguns procedimentos especializados que agregam outros ganhos aos médicos.

4 – Como é o trabalho do profissional?

Atualmente, 80% dos pediatras estão no serviço público, fazendo um misto de serviço público mais assistência privada. A pediatria é a especialidade médica com maior apelo social, ela não só cuida das doenças como ela também atenta para o entorno do paciente. Isso acontece porque a saúde da criança também depende da orientação que você dá para quem cuida dela. Como resultado, seja no serviço público ou no privado, o envolvimento entre médico e paciente é muito mais amplo.

5 - Como mudar esse panorama dos pediatras?

A Sociedade Brasileira de Pediatria tem feito um investimento expressivo para sensibilizar os acadêmicos de medicina para que se voltem à especialidade da pediatria. Mudanças no tempo de residência, que pulou de 2 para 3 anos, são iniciativas positivas para o pediatra, que aprofundará seu conhecimento, resultando na garantia de uma melhor assistência à criança. Em contrapartida, o mercado oferece ao médico a super especialização, muito atrativa por proporcionar ganhos superiores ao que a pediatria oferece, e as escolas, ainda, em sua grande maioria, estimulam o investimento nestas especialidades que são muito bem absorvidas pelo mercado. Apesar do quadro ser complexo, o momento da pediatria tende a ser positivo e deve haver uma maior valorização da puericultura e sua capacidade de prevenir doenças, garantindo a saúde da criança desde a sua geração até a vida adulta

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