Mais da metade das obras de transmissão tem atraso
O documento mostra que, além do atraso no cronograma, 209 projetos de transmissão, ou 47,2% do total, já deveriam ter sido entregues. O relatório de acompanhamento dos empreendimentos de transmissão, elaborado pela Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade (SFE) da Aneel, tem 1.024 páginas e detalha a situação de todas as obras de construção de novas linhas e subestações.
Partindo da data prevista para a entrada em operação de cada estrutura, o documento classifica os empreendimentos como "concluído", quando entregue antes do prazo estipulado; "normal", quando as obras estão dentro do previsto; e "atrasado", quando a concessionária avisa a Aneel que não conseguirá entregar a obra no prazo.
Adiamento
Alguns empreendimentos listados como atrasados estimam um adiamento de poucos dias, mas a maioria prevê que as obras serão concluídas com diferença de meses ou até anos em relação ao previsto inicialmente no leilão de cada concessão.
A Associação Brasileira de Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate) reconhece que o alto nível de atrasos é prejudicial ao sistema e causa impacto negativo considerável às próprias empresas de transmissão. Mas culpa os cronogramas apertados instituídos pelo governo, sobretudo por causa de dificuldades na obtenção dos licenciamentos ambientais.
Segundo o diretor executivo da Abrate, César de Barros, os cronogramas elaborados pelo governo dão apenas quatro meses para que as empresas consigam essas licenças, mas o prazo médio tem sido de 17 meses. "Todo empreendimento de transmissão já começa com 13 meses de atraso."
Custos
Segundo Barros, as companhias acumulam prejuízos de R$ 2,2 bilhões desde 2000 por causa dos atrasos, já que os ativos só passam a ser remunerados após entrarem em operação. "Também temos enfrentado dificuldades fundiárias, principalmente quando as linhas chegam perto dos grandes centros, como a cidade de São Paulo. Há muitos problemas de negociação para se atravessar pequenas chácaras, cujo valor é muito mais alto do que para se atravessar a terra nua no interior do País", acrescenta.
De acordo com o diretor da Abrate, as empresas têm se empenhado para melhorar o "meio de campo" entre o setor e os órgãos ambientais estaduais, mas esperam maior apoio do governo federal. "Um certo nível de atraso é até tolerável, mas uma taxa tão alta não é desejável. Mais da metade dos empreendimentos com atrasos preocupa." Procurados, o ministério e a Aneel não se posicionaram sobre o volume de atrasos nas obras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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