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Euro nunca esteve ameaçado e continua forte, diz Barroso

12:40 | Jul. 21, 2014
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O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, defendeu nesta segunda-feira, 21, em palestra na Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio, a solidez do euro e a independência do Banco Central Europeu (BCE). Ele também criticou o que chamou de "glamour intelectual do pessimismo", alimentado por economistas que apostavam contra o euro no contexto da crise financeira internacional detonada em 2008. "O euro nunca esteve ameaçado. O euro continuou sendo e é uma moeda forte e estável", afirmou Barroso.

Segundo ele, a crise financeira internacional serviu para integrar ainda mais os países do bloco e fortalecer as instituições. A crise fez com que a o bloco desenvolvesse instrumentos para tentar impedir consequências mais graves, como o fundo de estabilidade com 700 bilhões de euros, a criação de regras mais rígidas para as instituições, a verificação 'ex ante' dos orçamentos nacionais a partir da governança integrada e a união bancária, que dá ao BCE autoridade para intervir em qualquer banco da zona do euro.

"Temos um banco central europeu independente. Tem gente que acha demasiado independente, mas eu acho bom um banco central ser independente", ressaltou.

Barroso acredita que o ponto-chave nos próximos anos será integrar ainda mais o bloco. "Uma moeda (única) exige maior integração. Uma das questões mais interessantes dos próximos anos será como integrar mais a zona do euro sem afetar a unidade", disse o presidente da Comissão Europeia.

Barroso também avalia que mais países podem aderir ao euro no "futuro previsível". Hoje, 28 países integram a UE, e 18 aderiram ao euro. Para o executivo, entretanto, o caminho para o desenvolvimento e fortalecimento do bloco é a união orçamentária, embora tenha ressaltado que ainda não é o momento para essa integração.

"Há muitas formas além do orçamento para levar a uma integração econômica melhor", ponderou, destacando a união bancária e o fundo de estabilidade. "A seu tempo, teremos um orçamento com muito mais integração. A Alemanha diz sim, desde que seja feita com mais disciplina. De fato, esse (união orçamentária) é o ponto crítico, não vai avançar para já, mas vamos chegar", completou.

Economia social

O presidente da Comissão Europeia defendeu ainda os ajustes sociais realizados em países como a Grécia após a crise do Euro. Segundo o executivo, a "maioria" dos gregos apoiam as medidas, apesar da dificuldade social momentânea. Para Barroso, apesar dos problemas, os europeus preferem a "economia social de mercado" aos modelos chinês e americano.

"Europa, apesar de todos os problemas, é a região mais rica e justa do mundo. Os europeus querem manter isso. Querem aquilo que chamamos economia social de mercado", explicou. "Mas isso tem custo e deve ser financiado pelos impostos. É uma questão de equilíbrio. Penso que estamos mais perto de alcançar agora do que antes da crise, foi um sinal de alarme."

Para o executivo, os ajustes sociais serão feitos de "forma gradual e adaptativa". "Para garantir que as pessoas tenham acesso ao sistema público de educação e de saúde, que são a regra da Europa, estamos para lançar reformas políticas em alguns países para acabar com estruturas que não são necessárias, é um ajuste inteligente", disse, destacando cortes em estruturas burocráticas dos Estados.

Barroso disse não ser "otimista nem pessimista, mas determinado". Ele lembrou que no auge da crise europeia, em 2009, os analistas financeiros não acreditavam que a Grécia se manteria na zona do Euro. "Apesar da situação social tão difícil, há uma maioria que apoia a permanência do euro. É a resiliência do projeto do Euro", completou.

"Os intelectuais do pessimismo tinham uma razão coerente, de que as dívidas não eram sustentáveis. Mas eles esquecem o fator político. O Euro é um projeto político. Sempre acreditei que haveria vontade política dos países mais vulneráveis para fazer as reformas necessárias, e também dos países mais ricos, para apoiar essas reformas", explicou.

Segundo ele, havia naquela época uma "conspiração" contra a moeda única. "Não acredito que tenha partido de Washington ou Londres, pois isso afetaria também suas praças financeiras. Mas os investidores que jogaram muito", avaliou.

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