Economistas de presidenciáveis debatem cenário econômico
Os especialistas indicados pelos partidos de oposição criticaram o quadro atual da economia brasileira, com baixo crescimento e inflação alta, além de apontar a necessidade de controle do crescimento dos gastos e de uma reforma tributária.
Em um dos trechos com discussão mais quente, Giannetti reconheceu o argumento de Holland de que o ambiente externo deixou de favorecer o Brasil nos últimos anos, mas comparou o País com os vizinhos. "No período do governo Dilma, o Brasil cresceu menos do que cresceu a América Latina. Nosso crescimento está aquém dos outros", apontou. Holland rebateu: "Como economistas, não comparamos laranja com bananas". O secretário acrescentou que o Brasil tem uma economia muito diversificada e não deve ser feita a comparação. Gianetti respondeu: "Entendo sua posição de ter que defender o que foi feito nos últimos anos, mas não dá pra tapar o sol com a peneira".
Mansueto criticou os juros altos no País e lembrou que a economia do setor público não é suficiente para pagar a dívida. "O gasto continua crescendo acima do crescimento da economia. Significa que é uma situação muito séria", disse. Ele afirmou que é necessário um ajuste fiscal sustentável, o que deve ser feito com uma política de cerca de 5 anos. "Não significa necessariamente cortar gastos, mas controlar o crescimento dos gastos", afirmou, acrescentando que os gastos do governo devem crescer menos que o PIB. "Por isso que é mais fácil fazer ajuste fiscal com economia crescendo", disse.
Impostos
Giannetti defendeu que o Brasil não precisa aumentar a carga tributária. "Já temos carga tributária fora do normal para país de renda média", disse. A qualidade dos serviços fundamentais, como saúde e educação, é péssima, segundo o economista. Ele também defendeu o controle dos gastos. "Defendemos que (os gastos) têm que crescer menos que o PIB."
Representante da atual equipe econômica, Holland rebateu que os três mais importantes gastos do governo foram reduzidos: encargos financeiros da dívida, gastos de cargos e folhas, previdência. Ele reconheceu a importância de uma reforma tributária, mas lembrou que a tarefa não é simples. Em seguida, o secretário argumentou que as desonerações feitas pelo governo federal tiveram o objetivo de minimizar o peso dos tributos. "A grande agenda é de simplificação tributária", defendeu.
Mansueto defendeu que é importante dar incentivos, mas que é necessário ter verba para isso. "O governo conseguiu dar incentivos, mas não tá pagando a conta", disse, fazendo referência ao BNDES.
Holland rebateu que "é conta de contador" não analisar o peso dos benefícios. "Ele cita o lado do custo e não cita o lado do benefício", disse. O secretário apontou a crise de crédito e disse que o BNDES entrou para compensar a falta de crédito privado.
Para Giannetti, o erro do governo Dilma foi mexer no sistema tributário caso a caso, em referência às desonerações para setores específicos. Ele acrescentou que concorda ser razoável usar o BNDES para expandir oferta de crédito em período de crise. "Mas o governo descobriu um brinquedo. O que era remédio, virou veneno. Aí entra um problema de justiça. O subsídio é transferido para grupo pequeno de empresários", disse. "Agora transferimos mais para um grupo de empresários, em forma de subsídios, do que transferimos via Bolsa Família."
Juros
O representante da campanha do PSB ainda criticou os juros praticados no País. "O governo Dilma é um governo de paradoxos. A bandeira era redução de juros e será o primeiro governo a entregar o País com juro maior do que recebeu. Além disso, é um governo desenvolvimentista que fragilizou a base industrial do País", criticou.
Holland acusou Giannetti de omitir a grave crise internacional e lembrou que a indústria sofre mais com as consequências das incertezas globais. "Demos incentivos para mitigar efeitos das adversidades internacionais", disse. Holland afirmou ainda que o governo promoveu investimentos em infraestrutura e investiu em qualificação de trabalhadores.
Mansueto acrescentou que a desindustrialização que ocorre no Brasil preocupa, especialmente porque não é possível ver uma saída do túnel. Giannetti concluiu dizendo que o Brasil vive uma situação de 7 x 1, "com 7 de inflação e 1 de crescimento". "Mudar o rumo terá um custo, mas o custo de não mudar será maior."
A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda informou que o programa foi gravado na última quarta-feira, 23.
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