Para Sicredi, varejo em abril sentiu o peso da inflação
Nesta quinta-feira, 12, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que as vendas no comércio varejista caíram 0,4% em abril ante março, na série com ajuste sazonal. O resultado veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que esperavam desde uma queda de 1,75% a uma alta de 1,00%, com mediana negativa de 0,10%. Na comparação com abril do ano passado, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta 6,7% em abril deste ano ante previsões de expansão de 0,10% a 9,10%, com mediana de 6,65%.
Ramos, que trabalhava com a expectativa de uma elevação no varejo de 0,10% na margem, chamou atenção para o comportamento de dois segmentos importantes do varejo, o de Hipermercados e Supermercados e o de Combustíveis, que tiveram baixas em abril ante março, de 1,4% e de 0,8%, respectivamente. Segundo ele, são duas partes que retratam bem cenário recente.
"Tiveram quedas expressivas e que não foram pontuais", comentou, lembrando que o segmento de Hipermercados e Supermercados registraram o terceiro mês consecutivo de retração. "Isso sugere, por exemplo, que embora ainda possamos ver um crescimento na massa salarial real da economia, ele está num patamar baixo, se compararmos com o que olhávamos anteriormente. Outro fator é a questão da inflação, já que vimos uma pressão maior dos preços justamente naquela janela entra março e abril", lembrou.
Questionado sobre se os feriados de abril, como a Páscoa e o Dia de Tiradentes, tiveram grande influência no comportamento do varejo, o economista do Sicredi disse que, apesar do número de dias úteis menores do mês, o resultado poderia até ter sido pior. Tudo porque a Páscoa traz um apelo comercial importante que pode ter impedido um desempenho menos favorável do setor.
Para maio, Ramos não trabalha com a possibilidade de grande mudança nas vendas no varejo. No caso da inflação, por exemplo, ele lembrou que alguns dos fatores que aliviaram os índices foram pontuais, como o comportamento de passagens aéreas e o efeito do desconto das tarifas de água em São Paulo. "Acredito que o mês de maio não deve apresentar melhora", comentou. "Não temos ainda os dados de emprego do período, mas, provavelmente, deveremos continuar vendo o salário real crescendo muito pouco ou até ficando negativo. Por isso, esse quadro (de fraqueza nas vendas) deve permanecer", opinou.
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