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IPC-S deve fechar junho acima de 0,10%, estima FGV

12:30 | Jun. 23, 2014
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O arrefecimento menos intenso que o esperado do grupo Alimentação na terceira quadrissemana de junho (últimos 30 dias terminados no domingo) em relação à anterior deve levar o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) a fechar o mês com uma alta maior que a taxa de 0,10% estimada inicialmente pelo pesquisador Paulo Picchetti, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Apesar dessa percepção, o economista preferiu manter a projeção de 0,10% para o índice fechado do sexto mês do ano, principalmente devido às dúvidas em relação ao comportamento dos preços dos produtos in natura.

Picchetti relembrou que a classe de despesas de alimentos apresentou forte desaceleração entre a primeira e a segunda leituras de junho, ao passar de 0,39% para 0,06%, mas diminuiu o ritmo de alta na sequência, ao ficar em 0,05%. "A taxa está tão perto de zero que não podemos descartar deflação do grupo no fechamento do mês, dada a volatilidade que cerca os in natura. O que podemos colocar é um 'menos provável' de isso vir a acontecer. O mesmo vale para a nossa expectativa para o IPC-S. A probabilidade de uma taxa de 0,10% diminuiu", avaliou.

De acordo com a FGV, alguns alimentos in natura reduziram a velocidade da queda da segunda para a terceira quadrissemana de junho, como é o caso das frutas, que passaram de 4,04% para 3,69%. Hortaliças e legumes, por sua vez, tiveram declínio de 7,99%, após retração de 7,48%, mas Picchetti alerta que alguns produtos deste componente já estão com baixas menos representativas.

"A batata-inglesa teve uma queda menos expressiva (de 15,33% ante 19,35%) e já teve uma contribuição positiva para o índice cheio (de 0,01%). Por outro lado, o tomate continua tendo uma influência de baixa", avaliou. O tomate teve um recuo de 8,20% na terceira pesquisa, ante declínio de 3,79%. "Mas outros itens, como alface (de -8,64% para -6,34%) e algumas frutas, também estão reduzindo a velocidade de queda", completou. Como destaque entre as frutas, vale ressaltar o recuo de 14,13% da tangerina (mexerica), após recuo de 14,15% na segunda quadrissemana do mês.

Além do grupo Alimentação, os grupos Transportes e Habitação também devem ajudar a aliviar o IPC-S do final de junho, conforme o pesquisador. "Habitação deve ser beneficiado pela redução de PIS/Cofins em energia elétrica. Mas é essencialmente a classe de despesa de Alimentação que irá dominar (a desaceleração do IPC-S)", ponderou o economista, para quem outros conjuntos de preços, como o de Vestuário, devem seguir pressionando, em razão da sazonalidade desfavorável. Na terceira leitura do mês, o grupo de roupas e acessórios teve inflação de 0,75%, após 0,35% na segunda.

Copa

Picchetti voltou a ser cauteloso ao relacionar a aceleração das taxas dos itens refeições em bares e restaurantes (de 0,65% para 0,79%) e hotel (de 4,13% para 5,90%) com a Copa do Mundo. Segundo o pesquisador da FGV, a inflação de alimentação fora do domicílio vem acelerando há meses. "É difícil isolar esse impacto. Sem dúvida deve ter algum efeito da Copa, mas é transitório e acaba se misturando à sazonalidade", disse, ao referir-se principalmente à alta registrada no item hotel, já que a demanda tende a subir nesta época do ano por conta das férias.

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