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Investidor ainda paga caro em fundos

09:10 | Jun. 30, 2014
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Apesar de a taxa de administração de fundos de investimento ter diminuído nos últimos anos, a indústria ainda traz contradições: a média da taxa em fundo DI é de 0,74%, mas para pequenos aplicadores, que investem em fundos com aplicação inicial de até R$ 1 mil, o custo sobe para 3,28%. Especialistas do mercado financeiro são enfáticos ao afirmar que o ganho nesses casos diminui muito, não valendo a pena o investimento.

"Quando a taxa Selic estava em 8% ao ano, pagar taxa em fundos de renda fixa e DI acima de 0,5% já não compensava. Como o juro subiu para 11%, agora é interessante pagar até 2%", avalia o professor José Dutra Vieira Sobrinho, da Fipecafi. Para o administrador de carteiras Fabio Colombo, o teto está entre 1,5% e 2%. "Para níveis acima disso, outros investimentos começam a ficar mais interessantes", diz Colombo.

No caso da renda fixa, a taxa média é de 0,70%, mas entre os fundos com ticket inicial de até R$ 1 mil o custo é de 2,52%, segundo a Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). A diferença entre os fundos DI e de renda fixa é que os primeiros investem ao menos 95% da carteira em títulos pós-fixados, que acompanhem o CDI ou a Selic. Os fundos de renda fixa investem pelo menos 80% da carteira em títulos públicos, podendo estes serem pós ou prefixados.

O custo pode parecer baixo, mas no longo prazo faz diferença na rentabilidade. Segundo cálculos do professor Dutra, considerando que o fundo consiga acompanhar a Selic, renderia 11% ao fim de um ano. Ao se descontar a taxa de administração, a rentabilidade cai para 7,359%. Após ser deduzido o Imposto de Renda, o rendimento é menor ainda: 6,07%. O IR nos fundos de renda fixa e DI cai conforme o prazo, começando em 22,5% para resgates em menos de seis meses e terminando em 15%, para mais de dois anos. Na simulação, o IR foi de 17,5%.

O rendimento é tão achatado pela taxa de administração que vale a pena partir para outras aplicações. A caderneta de poupança é a mais citada. No prazo de um ano, considerando o rendimento atual de 0,56% ao mês, o retorno deve ser de 7%, já ganhando dos fundos da simulação, diz Dutra. "O dinheiro também pode ser aplicado em CDBs (Certificados de Depósito Bancários), mas para quantias pequenas, abaixo de R$ 1 mil, muitas vezes os bancos nem aceitam a aplicação."

A terceira opção é o Tesouro Direto. Por meio do site do Tesouro, o investidor consegue comprar títulos públicos sem a intermediação de um fundo. Também há custos, mas em geral são menores. No site do Tesouro, há um ranking das taxas de custódia, sendo que algumas casas não cobram nada. Especialistas ressaltam que a aplicação exige um pouco de conhecimento dos tipos de títulos (atualmente há nove títulos sendo vendidos), acesso à internet e disciplina se for fazer investimentos periódicos.

Se a taxa for levada, mas o investidor quer continuar aplicando em fundos, a sugestão é fazer uma pesquisa de mercado e migrar os recursos para um fundo com menor custo. Há casos em que a taxa diminuiu para os novos recursos que ingressarem, mas continua a mesma para investidores antigos. "O cliente pode ir ao gerente do banco e ameaçar sair da aplicação. Com certeza, o banco vai igualar a taxa elevada com a nova tarifa", diz Dutra.

Demais categorias

Curiosamente, entre as categorias que exigem uma maior habilidade do gestor na escolha dos ativos, a taxa de administração de fundos com aplicação inicial de até R$ 1 mil não é tão alta. Nos multimercado, a taxa média é de 1,31% e para os fundos com ticket de entrada de até R$ 1 mil, é de 1,65%. Nos fundos de ações, a média do mercado é de 1,85% e entre os pequenos investidores, de 2,25%.

"Por serem fundos de gestão mais trabalhosa, a taxa média acaba sendo maior. No caso dos fundos de ação, não deve se pagar mais de 2,5%", aponta Colombo. A rentabilidade varia muito sendo que quando a bolsa assume tendência de alta a taxa acaba se tornando pequena frente ao retorno oferecido. Além da taxa de administração, fundos de gestão ativa podem também cobrar taxas de performance, um custo cobrado caso a rentabilidade supere o índice de referência, como o CDI ou o Ibovespa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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