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IBGE: base de comparação e calendário explicam queda

11:55 | Jun. 04, 2014
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A retração de 5,8% na indústria em abril, em relação ao mesmo mês de 2013, comprova o momento de menor ritmo da produção. No entanto, a magnitude da perda teve influência de uma base de comparação alta e da menor quantidade de dias úteis em 2014 em relação ao mesmo período do ano passado, apontou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No mês de abril, a indústria teve a queda mais intensa desde setembro de 2009, quando a produção recuou 7,3%. Houve predomínio de taxas negativas, tanto entre as categorias de uso quanto entre as atividades. Mas a base de comparação era alta. Em abril de 2013, a produção teve expansão de 9,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

"E teve um efeito calendário. O mês de abril deste ano foi marcado por feriados, teve dois dias úteis a menos frente a abril de 2013", explicou Macedo. O mês de abril de 2014 teve 20 dias úteis, enquanto abril de 2013 registrou 22 dias úteis. "Isso dá claramente uma pressão negativa para a produção. Não ao ponto de inverter a tendência. Mas a base de comparação e o efeito calendário ajudam a entender a magnitude de queda e maior espalhamento", afirmou.

A produção de bens de capital caiu 14,4% em abril ante abril de 2013, a maior retração desde dezembro de 2012, quando recuou 18%. Já os bens de consumo duráveis tiveram retração de 12%, a maior queda desde fevereiro de 2012, quando caíram 23,8%. Os bens intermediários tiveram perdas de 4,5% em abril, pior resultado desde abril de 2012, quando tiveram redução de 6%. Os bens de consumo semi e não duráveis recuaram 3,9% em abril, maior recuo desde março de 2013, quando diminuiu 5,6%.

Pico

A industrial nacional está 4,5% abaixo do pico de produção verificado em maio de 2011, segundo Macedo. Segundo ele, nem a reformulação da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), que melhorou os resultados para a produção no ano passado, muda a trajetória de queda em que se encontra a indústria nacional.

"Mesmo com a reformulação da pesquisa, a leitura não muda em nada", disse. "Mesmo tendo registrado algum tipo de melhora, especialmente nos meses de janeiro e fevereiro, para o total da indústria, o saldo dos últimos meses ainda é negativo. As perdas realizadas no fim de 2013 são muito mais intensas do que a leve melhora em janeiro e fevereiro. E esse comportamento negativo da produção em abril e março acentua mais essas perdas", acrescentou.

O índice de difusão, que mostra o porcentual de produtos com aumento na produção, passou de 44% em março para 29,8% em abril, a menor taxa para a série histórica desse indicador, iniciada em janeiro de 2013. O resultado mostra que as perdas entre os setores são generalizadas. "De fevereiro para cá, claramente tem-se uma redução no ritmo da produção industrial. Você tem ali um número muito maior de produtos com taxas negativas", declarou.

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