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Grandes varejistas dos EUA têm queda nas vendas

21:00 | Jun. 08, 2014
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As grandes redes de varejo tradicionais dos Estados Unidos estão enfrentando queda das vendas, lucros em baixa e, por isso, tendo que fechar centenas de lojas e demitir funcionários. O inverno rigoroso no país no começo do ano afetou o comércio de redes como Walmart, Macy's, BestBuy e Sears, mas especialistas afirmam que os problemas do setor não podem ser atribuídos só ao clima, mas também refletem a recuperação ainda fraca da economia norte-americana, os salários estagnados e a competição com o comércio eletrônico.

A divulgação de resultados trimestrais do setor de varejo foi acompanhada de várias más notícias. Neste ano e no próximo devem ser fechadas mais de 1,5 mil lojas em todo os EUA. A Staples, uma das maiores redes de papelaria e material de escritório do país, anunciou o fechamento de 225 unidades. A rede de vestuário Abercrombie & Fitch deve fechar 180 lojas e a RadioShack, que vende eletroeletrônicos, outras 1,1 mil. Uma das mais famosas redes do país, a Macy's, informou a demissão de 2,5 mil funcionários e a Sears, o fechamento de 80 lojas, que vem após o encerramento de outras 100 unidades em 2012. A J.C.Penney, além de fechar 33 lojas, deve demitir 2 mil pessoas.

As vendas de todas as principais varejistas tiveram queda no trimestre. Na BestBuy, maior rede de eletroeletrônicos dos EUA, recuaram 1,3% e os executivos da empresa ainda preveem desempenho fraco nos próximos trimestres. No Walmart, maior varejista do EUA, o lucro caiu 5% e as vendas 0,1% - e a expectativa é de piora no comércio no segundo trimestre. Na Macy's, uma das poucas a apresentar aumento de lucro, as vendas caíram 1,7%. Na rede de vestuário Gap, o ganho recuou 22%.

Os especialistas em varejo dizem que o inverno rigoroso pesou nos números do primeiro trimestre, mas o desempenho ruim do setor vem de antes do começo deste ano e não pode ser atribuído apenas ao clima. As próprias varejistas reconhecem este fato. A diretora financeira da Macy's, Karen Hoguet, afirmou em teleconferência para comentar o balanço que nem toda a fraqueza dos números do setor é reflexo do inverno, mas também de fatores econômicos. Ela citou, por exemplo, que o enfraquecimento do segmento imobiliário, que vem desde julho do ano passado, pesou nas vendas de produtos para casa no primeiro trimestre.

SALÁRIOS

O economista-chefe do RBC Capital Markets, Tom Porcelli, avalia que os salários praticamente estagnados do trabalhador norte-americano já há alguns trimestres são o principal motivo das vendas fracas em todo o setor de varejo. Uma das evidências é de que em abril, mesmo com o clima esquentando, as vendas vieram piores que o esperado e subiram apenas 0,1% ante março.

A expansão do consumo interno no primeiro trimestre, de 3,1%, destaca Porcelli, foi turbinada não pelas vendas no varejo, mas pelos gastos com saúde por conta da implementação do novo programa oficial de reforma da saúde, apelidado de Obamacare. Com a diminuição destes gastos, o economista projeta crescimento menor do consumo no segundo trimestre, de 2%.

No setor de eletroeletrônicos, algumas varejistas, como a BestBuy, argumentam que a falta de um grande lançamento de produto deve manter as vendas fracas nos próximos meses, pois muitos consumidores deixam de comprar, por exemplo, um celular agora na espera da chegada de um novo modelo.

"Sem um grande lançamento, esperamos ver queda nas vendas no segundo e terceiro trimestre. Também vemos vendas moderadas de celular, categoria em que os consumidores costumam esperar ansiosamente o anúncio de produtos", disse a diretora financeira da BestBuy, Sharon McCollam, na teleconferência de resultados. Por isso, a expectativa do setor é grande para o segundo semestre, sobretudo para o possível lançamento do iPhone 6 da Apple.

Enquanto as varejistas tradicionais veem piora dos números e redução do tráfego de pessoas nas lojas, o comércio eletrônico, que normalmente costuma ter preços mais baixos, mostra números melhores. A Amazon, maior empresa de vendas online do país, registrou crescimento de 31% no lucro e de 23% na receita no primeiro trimestre ante igual período do ano passado.

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