País precisa variar fontes de energia, diz Jeffrey Sachs
"No Brasil, a energia tem uma emissão relativamente baixa de carbono se comparado a países como os Estados Unidos. As hidrelétricas e o biocombustível feito de cana-de-açúcar são contribuições positivas, mas o Brasil tem desafios ainda maiores à frente", disse Sachs, eleito pela revista The Economist como um dos três economistas mais influentes na última década.
O especialista questiona o futuro dos meios de transporte no País, boa parte ainda dependente de combustíveis fósseis, e o destino do petróleo extraído da camada do pré-sal. "Precisamos ir em uma direção completamente diferente, mas ainda não descobrimos como", afirmou Sachs, para quem boa parte dos governos e das empresas avalia ser muito mais cômodo seguir tendo os combustíveis fósseis como fonte principal de energia.
Para o economista, o Brasil ainda tem potencial inexplorado para geração de energia em hidrelétricas, mas carece de outras medidas para driblar as instabilidades, provocadas especialmente pelo clima. A diversificação do parque energético está entre as soluções, com investimentos em energia solar, eólica e nuclear, evitando que o sistema fique refém de uma única fonte. "A energia renovável acaba sendo intermitente, e isso é um problema. Mas é possível diversificar, ou criar pontos de transferência de energia para deixar o sistema mais estável", disse, lembrando o período atual de estiagem, que tem baixado os níveis dos reservatórios das principais hidrelétricas do País.
Sachs veio ao Brasil para lançar a Sustainable Development Solutions Network (SDSN) Brazil, uma rede de discussão sobre o desenvolvimento sustentável que integra um plano internacional, liderado pela ONU. Em 1º de julho, a rede espera entregar a Ban Ki-moon um relatório traçando caminhos possíveis para a chamada "descarbonização" nas 12 principais economias, incluindo Estados Unidos, Canadá e Brasil. A rede também espera contribuir com os objetivos traçados na Rio+20, reunindo representantes de universidades e governos. No entanto, o economista não aposta todas as suas fichas em um resultado consolidado até o fim do ano que vem, devido à complexidade do tema.
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