BC não vê inflação convergir para a meta antes de 2 anos
Na visão dele, choques adversos impedem que a inflação ceda. Ainda assim, ele espera, em algum momento no futuro, o arrefecimento do custo de vida. Para Hamilton, "o impulso monetário está respondendo como o esperado" e apesar dos "ventos contrários", a inflação em 12 meses medida por 80% dos indicadores recuou.
Ainda para o diretor, há incertezas em torno da projeção de ajuste de 9,5% da energia. Segundo ele, não é possível prever com exatidão qual será o tamanho da correção. "As incertezas sobre energia e em geral fazem parte do processo", disse.
Hamilton, no entanto, admitiu que a inflação está elevada. "Nós reconhecemos isso, a inflação está elevada. Na medida em que eventos que justifiquem mudanças nesse cenário ocorram, vamos atualizar o cenário", explicou.
Alimentos
Hamilton Araújo reafirmou que apesar dos "ventos contrários" a política monetária vai continuar fazendo seu papel. "Mais adiante os índices de inflação vão respondendo ao esforço de política monetária que tem sido feito", repetiu.
O diretor reforçou que o choque do segmento de alimentos tem sido "cuidado" pelo BC e reiterou que é possível antecipar alguma reversão nesse quadro. "Uma vez que as condições climáticas se normalizem, é razoável antecipar uma reversão pelo menos parcial desse movimento", afirmou. "Os choques adversos fazem com que a inflação não tenha cedido até agora, mas não posso interpretar que ela não vá ceder. Nós enxergamos que vai ceder", completou.
Apesar de ter feito um exercício para mostrar que a inflação estaria ainda mais elevada não fossem as sucessivas elevações da Selic desde abril do ano passado, Hamilton Araújo se recusou a fazer exercício semelhante sobre o arrefecimento da inflação caso a política fiscal não tivesse sido expansionista no último período. "Trabalhamos com a hipótese de que política fiscal não esta adicionando impulso à demanda agregada este ano. Consideramos uma política fiscal de neutralidade em 2014 e em 2015", se limitou a comentar.
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