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Argentina planeja medida contra quem aumentar preços

21:10 | Mar. 01, 2014
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A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, prometeu medidas mais duras contra as empresas que aumentam os preços, enquanto sua administração tenta estabilizar uma economia que sofre com inflação de dois dígitos e escassez de divisas.

"Eu acho que, entre as muitas coisas que estarão na agenda legislativa deste ano, nós no executivo e no Congresso vamos ter de aprovar medidas que de uma vez por todas defendam os consumidores contra abusos por parte de setores poderosos, oligopólios e monopólios", disse Kirchner neste sábado, em um discurso no Congresso. Ela não detalhou que medidas poderiam ser tomadas.

A administração Kirchner tenta controlar os preços de quase 200 itens de supermercados desde o início do ano para conter a segunda maior taxa de inflação das Américas depois da Venezuela. O governo disse que vai multar ou fechar lojas que violarem esse controle.

As mais recentes estimativas do setor privado colocam a inflação anual argentina no patamar de 30%.

A onda de aumentos de preços após a desvalorização de 15% do peso em meados de janeiro é injustificada e constitui um furto aos bolsos dos argentinos, disse Kirchner a legisladores neste sábado, durante a inauguração da sessão legislativa de 2014.

Kirchner enfrenta o que pode ser o mais desafiador vento contrário na economia desde que seu falecido marido, Néstor Kirchner, tomou posse, em maio de 2003.

Muitos economistas dizem que a inflação anual tem ficado acima dos 20% há anos, em parte devido à dependência do governo sobre a emissão de moeda para cobrir déficits. A fuga de capitais por parte dos investidores e os pagamentos de dívidas esgotaram as reservas em moeda estrangeira do banco central, o que obrigou o governo de Cristina Kirchner a quebrar uma promessa de longa data e desvalorizar o peso no início deste ano.

Muitos economistas acham que a economia da Argentina cresceu cerca de 3% no ano passado. Mas a inflação e a escassez de dólares que forçaram o governo a cortar as importações estão prejudicando o crescimento. A maioria dos economistas espera um crescimento de apenas 0,9% este ano, de acordo com uma pesquisa realizada pela FocusEconomics. Alguns são mais pessimista, como o Barclays e o Bank of America Merrill Lynch, que preveem recessão.

Nos últimos meses, o governo tem a contragosto adotado políticas econômicas mais convencionais, como o aumento das taxas de juros, para evitar uma potencial crise financeira.

Ainda assim, o governo Kirchner vai continuar a reduzir os subsídios para as pessoas ricas, que não precisam deles, disse o ministro da Economia, Axel Kicillof, na semana passada. Em um discurso de mais de três horas, Kirchner defendeu as políticas econômicas redistributivas que têm caracterizado o combativo estilo populista de esquerda adotado pelos Kirchner.

A popularidade da presidente caiu drasticamente desde outubro de 2011, quando ela conquistou o segundo mandato com um histórico 54% dos votos. A inflação alta, o racionamento de dólar e as percepções de que o governo não está abordando questões-chave, como o combate ao crime, corroeram seu apoio político.

Fonte: Dow Jones Newswires

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