Educação pressionará a inflação de janeiro, diz FGV
A variação de 0,69% no IPC-S de dezembro veio perto do esperado pela FGV, de uma taxa próxima a 0,60%, e igual à mediana da pesquisa do AE Projeções com o mercado financeiro. Em novembro, o índice ficou em 0,68%.
Segundo Braz, o grupo Transportes (de 0,11% para 1,20%), que exerceu a maior fonte de pressão de alta no indicador de novembro para o último mês do ano, já deve desacelerar nas leituras de janeiro. Ele explica que o impacto do reajuste nos preços da gasolina foi todo captado pelo IPC-S de dezembro. O item apresentou variação positiva de 3,93% em relação à queda de 0,21% no penúltimo mês de 2013. "Ao longo de janeiro, o efeito do aumento do combustível deve ser decrescente", afirmou.
Enquanto a expectativa é de desaceleração nos preços da gasolina, o que deve dar alívio ao IPC-S, a sazonalidade desfavorável do grupo Educação, Leitura e Recreação deve pesar sobre a inflação do primeiro mês do ano, disse o economista da FGV. "Deve ter algum impacto já na primeira quadrissemana", estimou, ao referir-se ao aumento costumeiramente esperado para esta época do ano de material e mensalidades escolares. Em dezembro, o grupo teve inflação de 0,47% na comparação com a de 0,55% de novembro.
Já quanto à suave desaceleração em Alimentação de um mês para outro, de 0,92% para 0,93%, Braz avaliou que a forte influência da alta de 2,82% nas carnes bovinas também deve diminuir em janeiro. Por outro lado, ressaltou, os alimentos in natura devem puxar a classe de despesa de alimentos para cima, em razão da sazonalidade adversa. "Alimentação também foi destaque no IPC-S de dezembro. Os in natura devem continuar pressionando o índice, reflexo do clima hostil para esses alimentos", explicou.
Ano
O IPC-S fechou 2013 com alta de 5,63% e ficou dentro do intervalo das expectativas do mercado na pesquisa do AE Projeções (de 5,60% a 5,70%), mas levemente acima da mediana de 5,62%. O resultado do ano passado veio suavemente menor que o de 2012, de 5,74%.
"A inflação ficou abaixo da de 2012, mas boa parte está relacionada ao comportamento de preços de itens que tiveram queda, devido a intervenções do governo", relembrou Braz, dando como exemplo a desoneração nas tarifas de energia elétrica, a redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a compra de carros e a revogação ao aumento das passagens do transporte público em importantes cidades do País.
Segundo o economista, se não fossem as medidas, o IPC-S certamente ficaria em um nível muito acima dos 5,63% de 2013. "São fontes de pressão que não são desprezíveis", disse.
Para 2014, a expectativa de Braz é que os preços monitorados voltem a pressionar a inflação, principalmente por causa da cobrança do IPI para automóveis e diante da expectativa de reajuste nas tarifas de ônibus urbano em algumas cidades brasileiras. "Tem ainda a possibilidade de novas desvalorizações cambiais ao longo do ano. Pode ser um IPC-S igual ao de 2013 ou até mesmo maior", estimou.
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