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Holland: aposta em crescimento negativo é 'pessimista'

12:25 | 19/09/2013
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland de Brito, utilizou dados antecedentes para afirmar que o terceiro trimestre "está bem" e para classificar como pessimistas as previsões de um crescimento marginal negativo no período. Ele mencionou que logo após a divulgação do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre já surgiram as previsões para o terceiro.

"A média do mercado tem operado com crescimento negativo no terceiro trimestre. Os indicadores antecedentes não mostram isso", comentou Holland, em evento organizado pelo Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da Escola de Administração da Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo.

Ele mencionou a última Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que, disse, "surpreendeu o mercado e veio bem acima da mediana" das projeções. O secretário antecipou também dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea) de setembro. Segundo ele, o crescimento dos licenciamentos de veículos está na ordem de 4,5% em setembro, considerando dados até a quarta-feira, 18. Holland mencionou que os dados de caminhões, também até a quarta-feira, "indicam crescimento de 10% em setembro".

Leilão BR-050

Holland disse que o governo comemorou o deságio "muito acima do esperado" no leilão da BR-050, o que confirma a rentabilidade do projeto. "O leilão de ontem demonstra que o governo está garantindo muita alta atratividade ao setor privado", disse. Ele afirmou também que desde o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) o Brasil tem focado em infraestrutura. "Investimento em infraestrutura custa caro, não investir é mais caro ainda".

Panorama Positivo

O secretário comentou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vem caindo consistentemente, que o ingresso líquido de capital em julho, agosto e setembro foi positivo no País e que o governo federal "vem conseguindo controlar as principais grandes contas do governo". "A dívida líquida brasileira vem caindo consistentemente", mencionando também a diminuição das despesas de pessoal em cargo.

O secretário ressaltou que o Brasil tem sido um grande receptor de investimento direto e mencionou que o crédito doméstico tem se expandido nos últimos anos com ampliação dos prazos de contratação, redução do spread e redução da inadimplência.

Em relação às desonerações feitas pelo governo, Holland disse que o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é um imposto "de grande importância para ajustes de estoque na economia" e afirmou que as desonerações "vem e voltam" conforme necessidade de ajustamento macroeconômico.

IPOs

Holland avaliou que o projeto que visa estimular empresas de médio e pequeno porte a abrir capital, os chamados IPOs, na sigla em inglês, deve ajudar substancialmente a aumentar as emissões de ações no Brasil num futuro próximo. "Esta iniciativa vai ajudar a promover um círculo virtuoso no Brasil", disse.

Segundo o secretário, desde 2004 o Brasil foi palco de quase R$ 300 bilhões em emissões de ações. "Este ano realizamos a maior oferta pública inicial de ações do mundo com a abertura de capital da BB Seguridade", destacou ele.

A BB Seguridade, holding que concentra os negócios de seguros do Banco do Brasil, captou R$ 11,4 bilhões em sua abertura de capital, cuja demanda total foi de três vezes o tamanho da oferta e contou com a participação de 240 investidores institucionais. A oferta turbinou o montante captado por empresas na Bolsa que, conforme a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), passa dos R$ 17 bilhões este ano, maior que todo o volume levantado em 2012, de mais de R$ 14 bilhões.

O projeto citado por Holland conta com a participação de várias entidades do mercado de capitais além do órgão regulador Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da BM&FBovespa e do BNDES. Depois de visitar vários mercados com experiências bem-sucedidas em estimular o acesso de pequenas e médias empresas ao mercado de capitais via emissão de ações, essas entidades tentam estimular este mercado no Brasil.

Estados Unidos

O secretário afirmou que o mundo assiste a uma recuperação gradual da economia norte-americana em 2013. Ele mencionou que na última reunião do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, houve uma redução da previsão de crescimento do país, de 2,6% para entre 2% e 2,3%. Holland lembrou, contudo, que o mercado calcula crescimento em torno de 1,6%.

"Talvez as autoridades americanas tenham de rever de novo o crescimento para baixo", comentou. Mencionou também que "nunca o comércio mundial cresceu tão pouco". Disse que o processo de recuperação em países da Europa e nos Estados Unidos é lento. Nos últimos cinco anos, tomando como ponto de início a crise de 2008, o mundo já passou por fases diferentes da economia. "A crise não é a mesma, não tem a mesma característica ao longo dos últimos cinco anos. É muito heterogênea", completou.

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