Apesar do bom resultado da produção industrial de junho, divulgado nesta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), julho deve apresentar um recuo, confirmando a volatilidade dos dados da indústria, avalia a economista do bando ABC Brasil Mariana Hauer. "O que temos visto é que em um mês a produção industrial sobe, no outro cai. Estamos patinando no mesmo lugar", afirmou a economista. Em junho ante maio, a produção industrial medida pelo IBGE teve alta de 1,9%, mas, no acumulado de 12 meses até o sexto mês deste ano, o crescimento foi de apenas 0,2%.

"Olhar o número isolado traz uma análise positiva, mas julho aponta para uma nova queda e a situação não é tão boa", comentou Mariana. O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial do Brasil, medido pelo HSBC, também foi divulgado nesta quinta-feira, 1. A análise do banco está temporalmente à frente do IBGE e mostra que, no mês de julho, o resultado foi o pior nos últimos 13 meses - de 48,5 ante 50,4 no mês anterior.

Tanto o PMI industrial do HSBC como índice de confiança da indústria apurado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) antecedem os resultados do IBGE, explica a economista do ABC Brasil, que ainda não fez projeções para julho. A confiança industrial medida pela FGV caiu 4% em julho ante junho.

"Em um mês o empresário investe e a produção aumenta", comentou. "No outro, o estoque está um pouco mais alto, então a produção é menor. Sem enxergar uma expectativa futura de crescimento sustentado, as decisões são sempre de curto prazo."

O crescimento da produção industrial do mês de junho sucede a queda de 1,8% no resultado de maio ante abril. Para a economista, a volatilidade é fruto da situação geral da economia com relação a consumo, investimento, crescimento e políticas econômicas.