Sem IOF investimentos no País podem crescer, diz HSBC
"A medida também parece ser parte de uma tendência do governo de tentar apresentar um ambiente mais amigável para os investidores", dizem em relatório os economistas Gordian Kemen, Marjorie Hernandez e Constantin Jancso. "Ao eliminar um dos principais instrumentos de controle de capitais empregado na 'guerra cambial', o governo está dando um passo significativo na direção certa, mesmo que o ministro Guido Mantega tenha sido rápido em afirmar que o governo sempre pode retomar o IOF quando necessário".
"Nossa reação inicial é que esta é uma medida adequada considerando que as necessidades de financiamento externo do Brasil estão em ascensão em um cenário de condições de financiamento mais restritivas", dizem. Mas o HSBC chama atenção para outro fato: sem barreiras para entrar, pode ser mais fácil decidir sair.
"Estrangeiros estarão mais dispostos a entrar no Brasil, mas também estarão mais dispostos a sacar recursos do País em momentos de maior aversão ao risco", dizem, ao comentar que antes, até a terça-feira, 4, estrangeiros que já tinham posições antigas na renda fixa no Brasil eram pouco propensos a retirar o dinheiro do País, já que, se decidissem retornar, teriam de pagar o pedágio de 6% referente ao IOF. Para os analistas, esse tende a ser um efeito secundário. "É possível (que aconteça), mas não deve reter os ganhos da medida".
Diante do atual cenário global de valorização do dólar, os economistas preveem que a moeda norte-americana passará a girar entre R$ 2,05 e R$ 2,15 nas próximas semanas e intervenções não são descartadas. "A medida, juntamente com os últimos leilões de swap, são um sinal de que as autoridades continuarão a intervir na taxa de câmbio, se necessário", dizem os economistas.
Para o médio prazo, o HSBC mantém a previsão de que a moeda brasileira passará por um processo de depreciação. Segundo os analistas, a deterioração das contas externas e do crescimento doméstico, somada à queda dos preços das commodities e da reversão da política monetária dos Estados Unidos, deixará "a moeda brasileira exposta ao enfraquecimento no médio prazo".