Varejo se mostra otimista com próximos meses, diz FGV
Os dados da sondagem mostram que o comércio passou do primeiro trimestre de 2013 para o segundo trimestre do ano com um ritmo ainda mais fraco na comparação com o ano passado, em razão da desaceleração das vendas dos bens duráveis com a retomada gradual do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Tanto que o Índice de Confiança do Comércio (Icom) passou de uma queda de 2,3% no trimestre findo em março para baixa de 2,9% no trimestre encerrado em abril, refletindo o cenário atual do setor.
Porém, olhando para o futuro, os sinais são um pouco melhores. Prova disso é que o Índice de Expectativa passou de uma queda 6,4% no trimestre findo em março deste ano para -5,2% no trimestre encerrado em abril de 2013. Analisada a comparação mensal, o índice passou de -8,9% em março para -1,3% em abril. "Esse parece ser o primeiro sinal significativo de mudança de ânimo em relação aos meses seguintes, no sentido do setor estar menos pessimista e mais neutro em relação ao futuro", afirmou Campelo Junior.
Para o especialista, a acomodação da inflação, a desoneração dos itens da cesta básica e o crescimento da renda da população tendem a recuperar as vendas dos bens não duráveis, o que traz um sinal um pouco melhor para o setor do Comércio. "O segmento de bens duráveis terá um comportamento mais volátil", acrescentou. Muito dessa volatilidade se deve às incertezas sobre a política de desoneração fiscal promovida pelo governo. Para o setor de automóveis, por exemplo, a prorrogação do IPI reduzido até o fim do ano teve um efeito positivo nas vendas de veículos.
Além das incertezas sobre as medidas do governo para incentivar a indústria de bens duráveis, outros fatores que limitam o crescimento desse segmento são a retomada do ciclo de alta da taxa de juros e o alto endividamento das famílias. "As desonerações fiscais em 2012 anteciparam o consumo dos bens duráveis, e as famílias ficaram endividadas", explicou Campelo Junior.
A percepção dos empresários para as vendas de materiais para construção teve uma melhora. O Índice da Situação Atual (ISA) para este item passou de -12,1% em março para -2,1% em abril. Embora ressalte a importância de se olhar a consistência desse número nos próximos meses, o economista disse que essa melhora pode estar ligada aos investimentos com mobilidade urbana, aos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e ao próprio ciclo de investimentos da construção civil, que teve um boom nos últimos anos no País.
Outro indicador que reforça esse quadro de início de recuperação do setor é o sobre a tendência das vendas previstas. Segundo a pesquisa, o porcentual dos que acreditam em vendas mais fortes nos próximos meses passou de 45,2% em março para 50,2% em abril. "As expectativas melhoraram. Existe uma percepção de que, nos próximos meses, as vendas voltarão a se normalizar. Houve desaceleração nos últimos meses, embora o setor venha mantendo uma taxa de crescimento forte nos últimos anos", afirmou Campelo Junior.
Apesar desse cenário, o economista não trabalha com a expectativa de que o desempenho do setor em 2013 supere o resultado de 2012, em função do ritmo mais lento da atividade no começo deste ano.