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Dados geológicos jogam novo ânimo sobre pré-sal

20:22 | 23/05/2013
Os dados geológicos mais recentes sobre o prospecto gigante de Libra, no pré-sal de Santos, jogam novo ânimo em relação ao potencial da camada, que, após a euforia do pós-descoberta, passara por um período de reavaliação. O próprio prospecto de Libra já teve, em 2010, potencial máximo estimado em até 15 bilhões de barris, depois reduzido a um terço deste volume.

Agora, diante de estudos mais concretos, a área, a 183 quilômetros da costa do Rio, pode ter de 8 bilhões a 12 bilhões, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). No mercado, estima-se que apenas o bônus de assinatura, pago pelas empresas à União para ter direito à concessão, custará alguns bilhões de reais.

Para se ter uma ideia, os 142 blocos arrematados na 11ª rodada de licitações, na semana passada, somaram, juntos, R$ 2,8 bilhões em bônus. O volume total estimado na área ("in situ") está entre 26 bilhões a 42 bilhões de barris, mas apenas cerca de 30% do que está debaixo da terra costumam ser recuperáveis, em média. A estimativa da ANP varia de acordo com o resultado do poço, e leva em conta o resultado dos piores e melhores poços da região, considerada o filé mignon do pré-sal.

A agência perfurou um poço em Libra. São necessários vários para se provar uma reserva, já que há variação de porosidade das rochas, de extensão do reservatório e de profundidade. Nunca uma área foi ofertada com a ANP de posse de tantos dados geológicos, o que reduz o risco exploratório das empresas e aumenta significativamente o valor a ser pago pela concessão da área. O lance mínimo será divulgado pela ANP em edital em meados de junho. A agência também fará exigências em relação ao número de poços que precisarão ser perfurados.

Muitos dos lances em leilões são feitos com base em sísmicas simples, ou análise de poços em campos vizinhos. Além do poço de Libra, a sísmica 3D recém-analisada pela ANP aumentou a coluna (profundidade) do reservatório com óleo para 326 metros. Apenas o campo de Franco, da área da cessão onerosa, também já havia sido perfurado previamente pela agência, uma medida incentivada pelo governo para aumentar o conhecimento sobre o pré-sal. Um único poço em águas profundas costuma custar US$ 100 milhões. Libra fica 1.964 metros abaixo da superfície.

Foi por causa da decisão do governo de conhecer melhor a área e elaborar um regime específico para o pré-sal (partilha) que fez o Brasil ficar cinco anos sem leilão de áreas. O leilão de outubro será singular, pois terá uma só área e lances únicos. Diante do tamanho de Libra e da necessidade de investimentos bilionários, espera-se que diferentes empresas se associem em consórcios para fazer os lances.

A presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou nesta quinta-feira que a taxa de sucesso da estatal na exploração no pré-sal tem sido de 84%, porcentual muito acima da média da indústria mundial. Graça participou de evento na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), mas saiu sem dar outras declarações. (Colaborou Mônica Ciarelli)

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