Centrais sindicais condenam alta da Selic
Na avaliação da Força Sindical, nos próximos meses a inflação deverá manter sua trajetória de queda. "O IPCA de janeiro foi de 0,86%, o de fevereiro de 0,6% e o de março 0,47%. O desempenho da economia nacional, que vem patinando, não incentiva qualquer aposta no crescimento do consumo como vetor de pressão sobre os índices de inflação", diz a Força Sindical.
"Ao contrário da pregação dos rentistas, os trabalhadores consideram fundamental que o Comitê de Política Monetária continue perseguindo a meta de fazer a taxa de juros brasileira convergir com a praticada internacionalmente, o que exige cortes na taxa Selic e não seu aumento. Lutamos para que o Banco Central, na definição da política de juros, estabeleça metas de crescimento econômico e de emprego, indicadores que serão seriamente afetados caso prevaleça a concepção dos rentistas e do sistema financeiro no atual debate sobre os limites da inflação", complementa o comunicado da Força Sindical.
Contraf-CUT
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) disse que o "terrorismo" do mercado financeiro "forçou" o Copom a aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto porcentual, para 7,5% ao ano. "A medida vem na contramão do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) com desenvolvimento econômico e social", disse o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, em nota.
De acordo com Cordeiro, o BC errou ao retroceder no caminho da redução da Selic. "Essa decisão somente agrada aos rentistas e especuladores do mercado financeiro e não ajuda a estimular o crescimento, a expansão do crédito, o fortalecimento da produção e do consumo e a geração de empregos", disse Cordeiro, lamentando ainda o fato de que a elevação da Selic, segundo ele, trava a queda do spread bancário.
Lembrando que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, Cordeiro disse que "está mais do que na hora de o Banco Central, além das metas de inflação, definir também metas sociais, como o aumento do emprego e da renda dos trabalhadores e a redução das desigualdades sociais do País."
UGT
O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, também criticou a alta da Selic, classificando-a como "um grande equívoco". "A decisão tem como objetivo conter o consumo e, consequentemente, impedir que a inflação continue em alta, mas vai penalizar os trabalhadores que podem perder seus empregos e inibir o crescimento do PIB", disse ele, em nota.
Segundo Patah, a decisão é "mais uma demonstração da política econômica equivocada e uma tentativa de conter a inflação por decreto". De acordo com ele, a medida tomada pelo BC coloca o movimento sindical em alerta. "Conter a inflação sim. À custa de nossos empregos não."