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A biografia do homem mais rico do Ceará

22:00 | 30/04/2013
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Em Fortaleza para o lançamento do seu mais novo livro, “Ivens Dias Branco: simples, criativo, prático”, o jornalista Sérgio Vilas-Boas fala nesta entrevista sobre o trabalho de pesquisa e apuração para contar a história de um dos empresários mais bem sucedidos do país. Há um ano, Vilas-Boas recebeu o convite para escrever o perfil de Ivens, de quem nunca tinha ouvido falar. Deste então o autor entrevistou 85 pessoas e viajou a cidade de Aveiro, em Portugal, local onde nasceu o pai de Ivens, Manoel Dias Branco. Vilas-Boas conversou com O POVO na tarde desta terça, enquanto se encaminhava ao aeroporto de Guarulhos (SP), de onde embarcaria para Fortaleza. O livro será lançado nesta quarta-feira, 1º de maio, no Centro de Eventos.

 

OPOVO - O livro é uma biografia ou um perfil?
Sergio Vilas-Boas - Eu chamo de perfil porque, pelo que eu tenho estudado, biografia é mais aplicável a mortos, perfil é para vivos, é jornalístico.

OPOVO - O que o levou a escrever sobre Ivens Dias Branco?
Vilas-Boas - Eu fui convidado. Quem me contatou, em abril do ano passado, foi o Geraldo Luciano Mattos (vice-presidente de Investimento e Controle do Grupo M. Dias Branco). Nós marcamos um encontro, em um hotel em São Paulo, onde também estavam alguns dos filhos do Ivens. Expus o meu método de trabalho e disse que queria um tempo para pensar. Mas não havia tempo. E em maio, com o contrato assinado, já comecei a trabalhar.

OPOVO - O que o senhor sabia sobre ele?
Vilas-Boas - Quando me contataram, eu nunca tinha ouvido falar dele.

OPOVO - O fato de ser não conhecê-lo dificultou o seu trabalho?
Vilas-Boas - Isso foi a melhor parte. É isso que torna o livro credível e sério. O fato de eu não ter nenhuma ligação profissional, afetiva, e não ter nenhuma ligação com o Ceará trouxe ao livro uma liberdade autoral. E o fato de eu ser de fora é o mais recomendável nesse caso, porque eu tenho um método muito meu. O livro não contém nenhuma opinião pessoal.

OPOVO - Quanto tempo o senhor passou para escrever o livro?
Vilas-Boas - Três meses de dedicação exclusiva, de oito a nove horas por dia. E foi o momento mais prazeroso. No total, 85 pessoas foram entrevistadas. A maioria presencial. Cada entrevista durou, em média, duas horas. E 90% delas feitas em Fortaleza. O material era muito rico, tinha cerca de 800 páginas de entrevistas transcritas. E eu tinha um projeto de o livro ter 300 páginas de texto. E tive que condensar. Essa garimpagem foi muito difícil.

OPOVO - Quantas horas de conversa o senhor teve com Ivens?
Vilas-Boas - Ivens é um homem muito reservado. Não é um homem de longas conversas. Nós tivemos umas seis conversas presenciais de uma hora e meia cada uma. E ele respondeu a vários questionários meus, cujas respostas foram gravadas em um gravador e transcrita por um assistente dele.

OPOVO - De que forma o senhor o acompanhou nesse período?
Vilas-Boas - Passei alguns dias com ele em Portugal, em Aveiro. É um lugar onde remete a toda família. O pai dele nasceu numa pequena vila a 30 minutos de Aveiro. Nós visitamos lugares que ele gosta, fomos ao túmulo do pai dele... Há mais de 40 anos ele vai a Aveiro, todo ano, e fica no mesmo hotel, frequenta os mesmos restaurantes. Lá percebi nele um comportamento metódico e leal. Mesmo podendo ficar em hotéis melhores, ele prefere o hotel onde sempre ficou. E frequenta sempre os mesmos restaurantes.

OPOVO - O que mais pode perceber nessa viagem?
Vilas-Boas - Eu percebi, entre outras coisas, que ele fica muito mais a vontade em Portugal porque se sente mais seguro para andar onde quiser. E ele criou um ciclo de amizade lá. Ele trata e é tratado de maneira muito especial pelas pessoas de lá. Fui com ele aos restaurantes ver os gostos dele, isso é importante para o meu método.

OPOVO - Como se dá a narrativa?
Vilas-Boas - O que eu faço é uma composição de vozes de todas as pessoas ouvidas. É uma narrativa que vai e vem no tempo, não é cronológica. Ela começa no programa de rádio do Paulo Oliveira falando do senhor Ivens, anunciando que o perfil seria escrito, e termina nos dias de hoje falando como seria a sucessão dele. E aí vou costurando a história, selecionando os episódios mais interessantes. É uma costura de vozes de quem tem algo a dizer.

OPOVO - Quem é Ivens Dias Branco?
Vilas-Boas - É um homem simples no modo de lidar com as pessoas. Fácil de lidar e sem cerimônias. É criativo, sempre tem soluções claras para resolver problemas. Tudo tem que ter senso prático. Tudo tem que ser de fato realizável. Além de saber lidar com as pessoas de sempre valorizar a confraternização e a celebração, ele é muito leal. É um homem dos anos 50, do Brasil desenvolvimentista. Ele é um construtor.

OPOVO - Foi daí que saiu o subtítulo do livro, “simples, criativo, e prático”?
Vilas-Boas - Meu título é Ivens, mas isso foi uma ideia conjunta, porque a gente percebeu que era o que estava impresso nas linhas do que escrevi.

OPOVO - O que o senhor destacaria da trajetória de Ivens?
Vilas-Boas - Muitos empresários construíram impérios em intervalos curto de tempo. O que ele tem de incomum é ter tomado decisões muito arriscadas mas ao mesmo tempo muito calculadas. Ele é um calculista. Vê as possiblidades de vários ângulos. E isso é incomum no grupo de empresários que constroem impérios em curto tempo. Ele é um workaholic, é da época que o mundo era vencido com trabalho. E ele tem esse ímpeto de workaholic, dorme pouco, acorda cedo e nunca gostou de restringir o ser ritmo de trabalho.

 

 

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