Prejuízos de empresas somaram R$ 25 bi no 4º trimestre
De acordo com o estudo, juntas, as 76 companhias de capital aberto que reportaram prejuízos no período tiveram resultado negativo de R$ 25 bilhões de outubro a dezembro do ano passado, montante 3,1 vezes maior que o total de prejuízos no mesmo período de 2011. No mesmo período de 2011, 112 companhias divulgaram prejuízo, num total acumulado de R$ 7,960 bilhões.
O recorde negativo ficou por conta da Eletrobrás, que reportou prejuízo de R$ 10,499 bilhões entre outubro e dezembro de 2012. É o maior da história das empresas de capital aberto brasileiras para um trimestre (considerando todos os trimestres), segundo o levantamento feito pela Economática.
Outros números negativos do ano passado que chamaram a atenção foram os da Vale, com prejuízo de R$ 5,628 bilhões no quarto trimestre de 2012, e da incorporadora PDG Realty, que teve perda de R$ 1,786 bilhão só no quarto trimestre e de R$ 2,177 bilhões em todo o ano passado. A empresa aérea Gol registrou resultado negativo de R$ 447,1 milhões no quarto trimestre de 2013 e, no ano, o prejuízo somou R$ 1,512 bilhão.
A petroleira OGX, por sua vez, teve prejuízo de R$ 285,7 milhões no quarto trimestre. No ano, acumulou prejuízo líquido mais do que dobrado: o saldo negativo foi de R$ 1,172 bilhão, 130% superior ao registrado em 2011.
Crise europeia
Na avaliação de Nataniel Cezimbra, chefe da equipe de pesquisa do BB Investimentos, muitos balanços do ano passado refletiram a economia em ritmo mais lento, tanto a doméstica quanto a de outros países, tendo como pano de fundo a crise europeia. "O cenário para muitas empresas foi de níveis de investimentos muito elevados, combinados com desaceleração de receita", afirma.
Para Walter Mendes, sócio da Cultinvest Asset Management, a desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) e a inflação em alta contribuíram para o desempenho ruim de diversos setores, apesar da queda dos juros. "No caso das construtoras, por exemplo, muitas cresceram mais do que podiam."
Segundo Mendes, esse cenário é consequência do boom das aberturas de capital (IPOs) entre 2004 e 2007. "Essas companhias levantaram capital e, desde então, mantiveram um patamar de crescimento mais alto."
As blue chips Petrobrás e Vale, assim como as siderúrgicas, também penaram no ano passado. Sobre a petroleira, pesaram nos últimos três meses de 2012 a queda de produção, o aumento do endividamento e o fraco fluxo de caixa, impactado pela importação de combustíveis a preços maiores do que os praticados no mercado interno. O lucro líquido de R$ 7,747 bilhões no quarto trimestre, 53,44% superior ao verificado no mesmo período de 2011, e acima das projeções de analistas, foi impulsionado pelo resultado financeiro positivo em R$ 2,788 bilhões, e não pelo operacional.
A Vale encerrou o quarto trimestre de 2012 com o segundo maior resultado negativo entre as companhias de capital aberto do período e o primeiro registrado pela mineradora desde o terceiro trimestre de 2002. O prejuízo líquido de R$ 5,628 bilhões foi impactado, entre outros fatores, pelo baixo preço do minério, além de baixas contábeis. Com isso, o lucro líquido de 2012 foi de R$ 9,734 bilhões, queda de 74,3% em relação a 2011 e o pior resultado anual desde 2004.
Mendes ressalta que muitos balanço de último trimestre são afetados por baixas contábeis, como os feitos pela Vale. "As empresas preferem jogar esses prejuízos para o quarto trimestre para iniciarem o ano seguinte mais ajustadas", afirma. O mesmo fez a MMX, que reconheceu perdas de R$ 224 milhões com a desistência do projeto da companhia no Chile. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.