Abiape: Governo sacrifica geradores por benefício
"Os geradores acabaram tendo que pagar uma parcela do rateio de custo que é totalmente indesejada. Isso vai encarecer a energia", comentou. Menel lembrou que as empresas que já fizeram vendas de longo prazo, com contratos de 10 anos, por exemplo, não previram esse custo extra e acabarão tendo de absorver esse valor. "Agora, não tenho mais como transferir (o aumento do custo). O que vai acontecer é que vai sair da nossa margem (de lucro)", considerou.
Outro problema, de acordo com Menel, é que o cálculo da Taxa Interna de Retorno (TIR) ficou obsoleta depois das mudanças de hoje. É que o governo decidiu que o custo do uso de energia proveniente de termelétricas em momentos emergenciais passará a ser repartido a partir de agora. Até então, ele ficava a cargo das distribuidoras, que repassavam os valores para as tarifas dos consumidores. Agora, 50% desse custo ficará com o agente que estiver exposto no mercado de curto prazo. A outra metade será rateada entre os demais elos da cadeia: consumidores, produtores e comercializadores.
"A minha TIR era de tanto e agora não é mais. E não é por minha causa, é um risco regulatório", disse o presidente da Abiape. A entidade ainda não decidiu se questionará as mudanças na Justiça. "A primeira coisa a fazer é conta. Sabemos que estamos com problemas, mas não sabemos de quanto ainda." Para Menel, o governo deixou de lado a transparência ao adotar as novas regras, o que gera um grau de incerteza em relação aos investidores. "Aqui dentro a gente acha normal, mas o cara lá de fora fica preocupado", considerou.