Apenas quatro atividades industriais foram responsáveis por praticamente todo o resultado do Índice de Preços ao Produtor (IPP) no mês de janeiro, afirmou Manuel Campos Souza Neto, técnico do indicador na Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Em 23 atividades que nós pesquisamos, quatro respondem praticamente por todo o resultado do índice".

Os segmentos que mais influenciaram a queda de 0,04% no IPP foram veículos automotores, com contribuição de 0,13 ponto porcentual, outros produtos químicos, com 0,10 ponto porcentual e metalurgia, com 0,07 ponto porcentual.

Mas o maior impacto negativo ficou com alimentos, com -0,31 ponto porcentual. "É o setor de alimentos que vai conduzir a queda no índice", ressaltou o técnico do IPP. "Mas as três que mais influenciaram positivamente (o IPP) anularam a queda de alimentos", acrescentou. Todas as demais atividades somadas resultaram em uma contribuição negativa de 0,03 ponto porcentual para o IPP de janeiro.

Na atividade de veículos automotores, a alta de 1,12% foi puxada por um aumento de preços nos automóveis e nos caminhões, apesar da redução nas peças e em chassis. "É um aumento real, porque tudo no IPP é sem imposto e sem frete. Então não há o efeito da volta do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)", apontou Souza Neto.

O segmento de outros produtos químicos teve alta de 0,91%, devido a uma recuperação dos estoques e do aumento do preço da nafta no mercado internacional. Já a atividade de metalurgia teve elevação de 0,94% em janeiro, com pressões dos itens bobinas a quente e chapas grossas de aços ao carbono e ligas de cobre.

"A metalurgia tem tido um problema grave, devido ao excesso de aço no mercado internacional hoje. Agora é que estão conseguindo recuperar alguma coisa. (A atividade) Realmente não estava conseguindo aumentar preço. O alumínio e o cobre conseguiram aumentar um pouco", contou o técnico do IPP, lembrando que, em 12 meses, a atividade registrou aumento de preços de 4,06%, abaixo dos 7,69% registrados no total da indústria de transformação no mesmo período. O IPP mede a evolução dos preços de produtos "na porta de fábrica", sem impostos e fretes, de 23 setores das indústrias de transformação.