Brasil pode chegar a círculo vicioso, diz jornal
A análise começa no centro de São Paulo, na Rua 25 de Março, onde Roberto Carlos, um vendedor de móveis desempregado, compra "freneticamente" sem se importar com a falta de trabalho. Carregando sacolas e caixas, o desempregado lista o que acabara de comprar: roupas, sapatos e uma máquina de café. Consumidores como Roberto Carlos, diz a reportagem, fizeram o Brasil ser catapultado para o hall dos quatro maiores mercados globais de artigos de consumo, desde doces até bebidas alcoólicas.
"Mas o freio na economia tem gerado comparações infelizes com a China, onde uma desaceleração muito mais modesta afetou o espírito 'animal' dos compradores. Isso prejudicaria não apenas a indústria e os varejistas, mas colocaria toda a economia em um círculo vicioso", diz a análise.
O texto chama atenção especialmente do grande peso do consumo na economia brasileira. "O Brasil não é um conto chinês em se tratando de investimentos e super-rodovias, como qualquer pessoa que já tenha tomado um táxi em São Paulo percebeu. Muito pelo contrário: o shopping é vital nesta economia. O consumo das famílias, que representa 35% do PIB da China, contribui com 60% no Brasil".
Diante dessa dependência do consumo, o texto afirma que "rachaduras" começam a aparecer. Um exemplo é que o comprometimento da renda para pagar cartões de crédito e outros empréstimos já alcança um quinto do salário, nível recorde. Com isso, as vendas no varejo começam a fraquejar, diz o texto, ressaltando que "quase tudo" pode ser comprado a prazo no Brasil: de papel higiênico a cirurgia plástica.
A reportagem, que ouviu uma série de executivos de grandes empresas instaladas no Brasil, diz que outro potencial risco é que a lentidão da economia aumente o desemprego mais à frente, o que potencializaria um cenário desfavorável.
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