Troca de indexador da dívida tem apoio unânime, diz MT
Silval Barbosa disse que uma das principais preocupações dos governadores é com a garantia do ressarcimento de perdas. A unificação da alíquota do ICMS interestadual geraria uma perda de R$ 390 milhões ao ano para o Estado de Mato Grosso, o que representa cerca de 10% de sua receita. Ele citou a Lei Kandir que, quando foi aprovada, prometida a compensação dos prejuízos de arrecadação nas exportações, o que não ocorreu integralmente. Nas contas dele, pela Lei Kandir, Mato Grosso teria direito a receber por ano cerca de R$ 2 bilhões, mas embolsou apenas R$ 226 milhões.
Avaliação de GO
O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), defendeu a diminuição do porcentual da receita dos Estados que pode ser vinculada à dívida. De acordo com ele, embora a troca do indexador seja relevante, é uma questão de médio prazo. Já a parcela da receita corrente líquida direcionada para o pagamento da dívida é de curto prazo. Esse limite atualmente é de 15%, segundo ele, que defende uma redução para algo em torno de 9%.
Perillo disse ainda que os Estados se preocupam em garantir um período de transição da unificação da alíquota do ICMS interestadual e com os ressarcimentos. "Os Estados colocaram suas situações de penúrias, quase insolvências." Ele afirmou que, enquanto as receitas da União aumentam, os repasses para Estados e municípios vêm caindo. Além disso, frisou, os Estados estão com a receita cada vez mais comprometida com a aprovação de projetos pelo Congresso.
Considerações do CE
Para o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), a proposta do governo de unificar o ICMS não é boa, como quer vender o Ministério da Fazenda, mas também não é ruim. "Unificar a alíquota do ICMS em 4% derruba qualquer chance de política federativa de desenvolvimento. Os Estados precisam de um instrumento de incentivo fiscal.", disse Gomes, ao deixar a reunião de governadores com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O ministro ofereceu aos governadores a criação de dois fundos, em troca da mudança do ICMS: um fundo de compensação para as perdas de arrecadação e outro específico para o desenvolvimento regional. "Sinceramente, não acho que esse fundo de desenvolvimento regional será eficaz. Não vai substituir a política de incentivo fiscal que os Estados dispõem hoje", declarou Cid Gomes. Segundo ele, nada ficou decidido e houve apenas uma apresentação formal da proposta do governo.
Os governadores do MT, GO e CE participaram de reunião na tarde desta terça-feira com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.