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População negra de Fortaleza soma 76,2% dos desempregados, aponta estudo

Apesar do indicativo, a pesquisa revela redução da taxa de desemprego total na Região Metropolitana de Fortaleza

16:50 | 13/11/2012

Três em cada quatro trabalhadores desempregados na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) são negros. É o que revela a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) desta terça-feira, 13. O índice de 76,2% indica ligeira sobrerrepresentação dessa população se compararmos sua participação entre os ocupados (74,9%) e a população economicamente ativa como um todo (75,0%). Os dados são relativos a 2011.

Segundo o estudo, a taxa de desemprego total entre não-negros foi de 8,5%, e entre negros foi de 9%. Apesar do indicador pouco favorável a essa parcela populacional, a pesquisa sinaliza redução da taxa de desemprego total da região entre 2009 e 2011. Essa diminuição, aponta a pesquisa, teria sido sustentada pelo crescimento econômico e pela maior oferta nos postos de trabalho.

De acordo com Erle Mesquita, coordenador de estudos e análises do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), esse indicativo tende a ser relacionado à maior presença de pessoas negras se comparado aos não-negros em toda a região. Entretanto, ele aponta a discriminação sofrida por parte desse segmento como um dos principais motivadores desse cenário. “E embora haja ações contra a prática discriminatória por parte do governo, ainda há muitas desigualdades no Brasil”, afirma.

O déficit no padrão da educação brasileira, de acordo com Erle, dificulta o acesso da população negra no mercado de trabalho. Esse ponto está intimamente ligado à forma de inserção ocupacional desse segmento populacional, que se encontram mais à margem da proteção social e trabalhista, tais como o assalariamento sem carteira assinada. Para o coordenador do IDT, os problemas na educação básica seriam um dos motivadores para essas disparidades.

Os dados do estudo apontam que em 2009 o trabalhador negro chegava a ganhar 29,3% a menos que o trabalhador não-negro, diferença esta que caiu para 26,7%, em 2010, atingindo, em 2011, 24,9%. Em termos monetários, a cada R$ 100,00 pago a um trabalhador negro, um trabalhador não-negro chegou a ganhar R$ 124,90.

Seguindo as amostras do estudo, a taxa de desemprego total estava em 11,4% da população economicamente ativa (PEA) em 2009, caiu para 9,4% em 2010 e declinou para 8,9% da PEA em 2011, período em que o mercado de trabalho metropolitano teria apresentado sinais de arrefecimento do ritmo de crescimento econômico.

Gênero

O gênero também foi outro fator relacionado às dificuldades de inserção ocupacional na RMF. Segundo levantamento, as mulheres, independentemente da raça e cor, possuem taxas de desemprego mais elevadas do que as dos homens. Desse quadro, (11,0%) são mulheres negras, seguidas de não-negras (9,9%).

A PED na Região Metropolitana de Fortaleza foi realizada por meio de amostra domiciliar de 13 municípios: Aquiraz, Caucaia, Chorozinho, Eusébio, Fortaleza, Guaiúba, Horizonte, Itaitinga, Maracanaú, Maranguape, Pacajus, Pacatuba e São Gonçalo do Amarante. Além de Fortaleza, a pesquisa é aplicada em Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e no Distrito Federal.

Redação O POVO Online

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